segunda-feira, 9 de novembro de 2009

UJS repudia o ato da Universidade de Bandeirantes


Em anúncios publicados nos jornalões paulistas de 8 de Novembro, a Universidade Bandeirante (Uniban) anuncia que decidiu expulsar a aluna Geisy Arruda.
A estudante de Turismo sofreu bárbaro assédio coletivo no dia 22 de Outubro, na unidade de São Bernardo do Campo. O motivo: trajar na ocasião um vestido curto, num tom cereja.
O texto publicado pela Uniban deve converter-se imediatamente em peça de estudo para juristas, educadores, antropólogos e sociólogos.
A universidade preferiu punir a vítima e inventar uma justificativa pitoresca para o espetáculo do bullying, registrado por câmeras do próprios alunos e vergonhosamente exposto ao mundo pelo Youtube.
Segundo os negociantes da educação, "a atitude provocativa da aluna resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar".Seria cômico se não fosse trágico.
A Uniban, mais uma das uniesquinas do Brasil, considera "defesa do ambiente escolar" a agitação do bando que ameaçava estuprar a colega e que a perseguiu aos gritos de "puta, puta, puta".
Alheia a valores e princípios, a Uniban pautou-se unicamente pela doutrina da preservação do lucro. Expulsou a mocinha da periferia e manteve as centenas de vândalos que a molestaram.Defendeu, assim, a receita, a contabilidade, mesmo sob o risco de macular para sempre sua imagem.
Em "Psicologia das Multidões", Gustave Le Bon refere-se com clareza ao fenômeno da sugestão em movimentos de multidões.
Diz ele: "Os indivíduos de uma multidão que possuem uma personalidade bastante forte para resistirem à sugestão são em número tão diminuto que acabam por ser arrastados pela corrente".
Le Bon lembra que, em determinadas situações, a multidão transforma o indivíduo civilizado num bárbaro, num ser primitivo, movido pelo instinto, que vibra com o ataque ao inimigo inferiorizado.
Poucas vezes se viu isso tão claramente quanto no episódio de 22 de Outubro. Há garotas inconformadas com a sina; afinal, não têm o corpão de Geisy. Há machões conquistadores não correspondidos, movidos pelo instinto de vingança. Por fim, a turba ignara que se diverte com a perseguição, algo muito semelhante à farra do boi.
A curvilínea e voluptuosa Geisy, que concedeu entrevistas aos programas televisivos vespertinos, exibiu-se no mesmo vestido que gerou a fúria de seus colegas de universidade.Nada formidavelmente pecaminoso como se poderia imaginar. Aliás, fosse ela mirrada e poucos notariam a ousadia de suas vestes.
Esses aspectos objetivos da questão foram ladinamente desconsiderados pela direção da universidade.
Em nome do "negócio", a Uniban preferiu investir na fabricação de canalhas. A decisão funciona como um sinal verde para os moralistas cafajestes de todos os tipos. Esse incentivo criminoso, pois, não se limita aos clientes da instituição, mas ao conjunto dos estudantes brasileiros.
Paulo Freire, costumava advertir os educadores com a seguinte frase:"Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito, e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer".No caso em debate, a Uniban fez exatamente o contrário. Desprezou o sujeito, deseducando-o. Concomitantemente, priorizou o objeto, isto é, seu negócio, o prédio iluminado vendedor de diplomas.
Dessa forma, trocou todas as regras da civilidade por um repugnante código de carceragem.O episódio Geisy revela a decadência do ensino universitário brasileiro, transformado em oportunidade de mercado. Essa é a herança do regime militar e dos governos conservadores que o seguiram, sobretudo aquele do privateiro Fernando Henrique Cardoso.
Ironicamente, o bajulado professor uspeano de tudo fez para esculhambar o ensino público de qualidade, entregando o sagrado ofício da educação às máfias dos certificados e aos traficantes de títulos acadêmicos.
Tempos de provação. E, como formigas, os canalhas saem aos montes dessas instituições, prontos a divinizar o pensamento neoliberal e a Lei de Gérson, seduzidos à barbárie por diversão.Mauro Carrara

Juventudes Políticas e Partidárias para aprofundar os avanços em 2010

Seminário aponta unidade das Juventudes Políticas e Partidárias para aprofundar os avanços em 2010
A unidade das forças democráticas e populares para aprofundar as mudanças em curso no país foi o estrato principal do Seminário "Juventude e Projeto Nacional", realizado em Brasília, nos dias 27 e 28 de outubro, através da perceria entre UJS, JPT, JPL, JS-PDT, JSB e JPMDB. O evento, o primeiro deste tipo, debateu políticas públicas e o protagonismo da juventude nos debates de projetos para o país nas eleições de 2010. Constatação unânime entre as lideranças presentes é a necessidade de, sendo com uma ou mais candidaturas representantes do campo progressista na batalha eleitoral, apontar um programa de mais avanços - abordando pautas concretas de melhoria nas condições de vida dos 50 milhões de jovens brasileiros - para conseguir dialogar com esse imenso contingente, reeleger o projeto mudancista e barrar o retorno dos neoliberais.

Retrato maior dessa posição foi o ato político que encerrou a atividade, que contou com a participação de Ricardo Berzoini (PT), Renato Rabelo (PCdoB), Ciro Gomes (PSB), Sergio Rubens (PPL), além de representantes das outras siglas. Todos saudaram a iniciativa das entidades juvenis, ressaltando a maturidade política de se juntarem para construir uma plataforma com vistas à eleição, e concluíram que o esforço de partidos de centro-esquerda e movimentos populares deve ser mobilizar o Brasil para aprofundar o ciclo político aberto a partir de 2002.

Para Severine Macedo, secretária de juventude do PT, o Seminário foi um "momento importante para dialogar sobre problemas comuns da juventude e formular uma plataforma organizada", capaz de unir as diversas pautas específicas. "A atuação nos partidos e movimentos da juventude é muito importante e devemos cada vez mais disputar espaços de poder. Uma reforma política é extremamente necessária para mudar o sistema de poder e dar mais oportunidade para a juventude disputar tais espaços", analisou.

Segundo Marcelo Gavião, presidente nacional da União da Juventude Socialista, o evento ajuda a consolidar os aspectos que unificam a juventude e prepara o setor para contribuir na disputa eleitoral. "Esse seminário mostra o potencial de intervenção política e organização das juventudes políticas e partidárias. Um dos segredos para a vitória no próximo período está em construir um amplo campo político para enfretar a batalha decisiva de 2010", disse.

Em sua exposição durante o Seminário, Pedro Campos, coordenador nacional da Juventude Pátria Livre, lembrou os prejuízos causados à nação durante os governos neoliberais, como as privatizações, e apontou que para executar um projeto de desenvolvimento é preciso ter forte indução do Estado em projetos de infraestrutura e que é preciso direcionar a ação do BNDES para esse desafio.

Desenvolvimento nacional no centro da pauta

Um dos legados que governo Lula deixará está na recuperação da capacidade de planejamento e intervenção do Estado nos grandes temas nacionais. É o que se apreende das opiniões de Antônio Lambertucci, secretário executivo da Secretaria Geral da Presidência da República, e de Haroldo Lima, diretor geral da Agência Nacional do Petróleo, expostas na mesa de debate “Desenvolvimento Sustentável no Brasil para um novo tempo”.

“O que seria do Brasil se BNDES, Banco do Brasil, Caixa, Petrobrás hoje fossem privados? Bancos privados tiraram crédito na época da crise. A contratação de servidores públicos é criticada pela oposição e pela mídia, mas o que o governo tem feito é a recomposição dos quadros do Estado, destruído no período neoliberal”, afirmou Lambertucci.

Para Haroldo Lima, depois de duas décadas perdidas, voltou-se a discutir e a pensar o desenvolvimento nacional. “Do final da segunda guerra até chegar à década de 80, fomos o país que mais cresceu no mundo. No bojo desse crescimento, deixamos de ser um país agrário para ser industrial. Depois, esse processo foi interrompido. Por isso, a retomada agora é um fato de grande relevância histórica”, disse.

Lambertucci ressaltou ainda os programas sociais para combater a miséria e integrar milhões de brasileiros ao consumo de bens básicos. “Existem setores que tratam programas como o Bolsa Família como se fossem produtores da acomodação e da inépcia no povo, mas na verdade são programas que têm proporcionado a recuperação do mercado interno”. O desafio agora é transformar as conquistas em políticas de Estado. “Está sendo formulado um projeto de Consolidação das Leis Sociais para que as conquistas possam continuar”, concluiu.

O diretor da ANP, após discorrer sobre a descoberta do pré-sal, o modelo de exploração e o marco regulatório propostos para o setor, defendeu o que considera essencial para que um recurso não renovável, caso do petróleo, contribua na sustentabilidade do desenvolvimento. “Os recursos dessa fabulosa riqueza devem ser gastos em coisas ligadas às necessidades do futuro, como educação, infraestrutura, reflorestamento”. Haroldo concordou com a proposta levantada pelo movimento estudantil de reservar 50% dos recursos do Fundo do Pré-Sal para a educação. “Mas tem que fazer barulho. Se não for no grito, com destemor, destemperança, como sempre foi a juventude, não serão ouvidos. Tem que pleitear 50% para conseguir algo próximo a isso”.

PPJ e o marco institucional

O professor Jorge Abrahão, do IPEA, convidado da mesa "As Políticas Públicas de Juventude no Brasil: o legado de uma geração", considerou que os avanços obtidos na implementação das PPJ, a partir de 2005, com a constituição da secretaria e do conselho de juventude, devem ser comemorados. No entanto, Abrahão fez uma analogia com a previdência do trabalhador rural para demonstrar que existe necessidade de garantir tais avanços como políticas de Estado. "A previdência rural, que fez a pobreza cair em 10% no Brasil, está sob ataque há 20 anos. Só não caiu porque está inscrita na Constituição. A vitória de um grupo político só se dá quando sua luta estiver assegurada pela Constituição, pois do contrário um governo qualquer pode mudar a política", disse.

Já Danilo Moreira, secretário adjunto da Secretaria Nacional de Juventude, chamou a atenção das entidades para aproveitarem o momento favorável para aprovar boas iniciativas que estão no Congresso. "Devemos conquistar a institucionalidade das políticas de juventude. A PEC está parada no Senado mesmo sendo quase consenso. Deve-se olhar para as prioridades do movimento de juventude, coordenar as ações. Nossa pauta de hoje é a PEC e o Plano".

Políticas estruturais e específicas

"O governo tem trabalhado a criação de políticas estruturantes junto a específicas. Criam-se universidades públicas e, ao mesmo tempo, políticas como o Pro-Jovem", argumentou Beto Cury, o Secretário Nacional de Juventude, que também reconheceu a necessidade de melhorá-las: "é possível dar mais qualidade [às políticas], além de aumentar a quantidade de jovens atingidos".

Fazendo coro com o reconhecimento dos avanços e cobrando mais, a deputada federal Manuela D`Ávila (PCdoB), salientou que não se pode prescindir dos jovens no desenvolvimento do país. "Não há projeto sólido de desenvolvimento nacional se não levar em conta 50 milhões de jovens, 25% da população, que estão no auge da capacidade produtiva", avaliou. Relatora do Estatuto da Juventude na Câmara, Manu fez questão de ressaltar a mudança de concepções face ao que havia nos governos de FHC. "No governo Fernando Henrique não apenas não havia PPJ. É que não se considerava que o Estado deveria se preocupar com a juventude. Achava-se que o terceiro setor apenas daria conta. Mas política pública é principalmente dinheiro e quem tem recurso para destinar é o Estado".

A interface da sociedade com a formulação das políticas estava representada pelo atual presidente do Conselho Nacional de Juventude, Davi Barros. Ele traçou como uma das grandes metas atuais criar um canal de ligação entre o que é feito na esfera federal e nos estados e municípios. "Temos por objetivo criar uma rede de conselhos para ter intevenção consistente no acompanhamento e controle social das PPJs".

Fernando Borgonovi, diretor de comunicação da UJS

UJS-Sergipe sauda os 30 anos da Juventude Comunista Portuguesa

Juventude Comunista Portuguesa faz trinta anos

Desde a sua criação que o PCP achou necessário a existência de uma organização de juventude para melhor intervir junto dos jovens portugueses.

As organizações de jovens comunistas e unitárias desempenharam importantíssimo papel nos 88 anos de história do Partido.

Quando da fundação do PCP em 1921, foi criada a Juventude Comunista (JC), e já depois do golpe militar que viria a instaurar a ditadura fascista em Portugal, é criada a Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas (FJCP), que terá um papel muito importante na dinamização da luta juvenil, mais tarde extinta devido às exigências da luta clandestina.

Em 1946 (depois da derrota do nazi-fascismo) surge o Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD Juvenil), movimento unitário da oposição antifascista com acção legal, e é nesse espaço unitário que os jovens comunistas passam a desenvolver a sua actividade. Durante mais de 10 anos o MUD Juvenil desempenhou um importantíssimo papel no desenvolvimento das lutas e da unidade da juventude trabalhadora e estudantil. A repressão fascista, que progressivamente foi dificultando a sua actuação, determinou a sua extinção.

Em 1969 é criado o Movimento dos Jovens Trabalhadores (MJT), movimento unitário que intervem e organiza a luta dos jovens trabalhadores, e onde os jovens trabalhadores comunistas participam activamente e têm destacado papel na sua direcção.

Já em 1972, e também como consequência das fortes lutas dos estudantes nos anos 60, é criada a União dos Estudantes Comunistas (UEC); em 1975 é criada a União da Juventude Comunista (UJC), que organiza os jovens comunistas trabalhadores; e a 10 de Novembro de 1979, da unificação da UEC com a UJC, nasce a Juventude Comunista Portuguesa (JCP), «organização autónoma dos jovens comunistas, desenvolve a sua actividade, com larga margem de iniciativa e decisão própria, no quadro da orientação política geral do Partido. É sua tarefa esclarecer, unir, organizar e mobilizar os jovens na luta pelos seus direitos e aspirações, pelos interesses dos trabalhadores, do povo e do país, pela liberdade, a democracia, a independência nacional, a paz, o socialismo e o comunismo.» (1)

O que somos?

«A JCP assume-se, pelos seus objectivos, propostas e acção no desenvolvimento do movimento das lutas juvenis, como a organização revolucionária da juventude.» (2)
Desenvolve a sua acção profundamente ligada à realidade, problemas, sonhos e aspirações da juventude portuguesa, tendo como base teórica o marxismo-leninismo, com a finalidade de transformar a vida, acabar com a exploração do homem pelo homem pondo fim ao capitalismo, construir o Futuro, a sociedade socialista, o comunismo e entende que esse objectivo só é possível através da luta organizada.

Somos uma organização juvenil, revolucionária e de massas, que se traduz na ampla camaradagem, na alegria, na criatividade, na fraternidade e solidariedade no trabalho, no aprofundamento do trabalho colectivo, na rápida responsabilização de novos militantes, na grande disponibilidade que muitos camaradas têm para as tarefas, na compreensão alargada sobre o funcionamento democrático da JCP e do PCP, na aproximação e recrutamento de outros jovens.

Transformar a vida...

Apesar das conquistas de Abril, vivemos numa época de retrocessos sociais, em que o capitalismo avança, são muitos os ataques contra os direitos dos trabalhadores e do povo, sendo os jovens os mais afectados. Contudo, a luta e a resistência têm vindo a impedir o aprofundamento das políticas de direita e consequente retirada de direitos.

Hoje, em Portugal, no ensino público aumenta a elitização e caminha-se a passos largos para a sua privatização, abre-se a porta aos interesses do grande capital, ao mesmo tempo que são retirados direitos aos estudantes e se impõem entraves à sua participação, numa clara tentativa de diminuição da democracia nas escolas, aumenta a repressão sobre os estudantes e a ingerência na vida das Associações de Estudantes e outras estruturas estudantis.

No Ensino Secundário, os estudantes encontram um sistema de avaliação injusto e elitizante com os exames nacionais, o Estatuto do aluno, que mais não é que um código penal que visa limitar e impedir a luta dos estudantes, o novo regime de autonomia que institui a figura do director, introduz empresas nos órgãos da escola e retira os estudantes, a privatização dos serviços escolares como cantinas, bares, papelarias e gimnodesportivos, visando apenas a obtenção do lucro e chegando ao cúmulo de os alunos terem de pagar se quiserem jogar à bola depois das aulas, a Lei da Educação Sexual aprovada há mais de 25 anos que ainda não foi implementada nas escolas.

No Ensino Superior, os estudantes deparam-se com um dos mais violentos ataques aos seus direitos. A existência de propinas e o seu constante aumento são factor de elitização; o sub-financiamento por parte do Estado tem outras consequências como o aumento das taxas e emolumentos, a privatização dos bares e papelarias e o consequente aumento dos preços; os problemas materiais e humanos nas escolas, levando a situações escandalosas de degradação de infra-estruturas e ao encerramento de departamentos; os estudantes viram também reduzidas as verbas para a Acção Social Escolar (ASE) tentando empurrá-los para os empréstimos bancários; o Processo de Bolonha reduz as licenciaturas para três anos, permite aumentar para valores exorbitantes as propinas do 2.º ciclo, fechando as portas a quem não pode pagar, criando mão-de-obra menos qualificada, mais barata e facilmente explorável; com o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) aprofunda-se a privatização do Ensino Superior Público, abrindo a possibilidade da passagem a Fundação de direito privado, acaba-se com a gestão democrática e coloca-se privados nos órgãos de gestão das escolas.

Actualmente, no nosso país, cerca de 23% dos jovens são pobres (vivem com menos de 300€/mês), existem 300 mil jovens desempregados (aproximadamente 20%) e destes 53% não recebem subsídio de desemprego, aumenta a precariedade nas suas variadas vertentes (falsos recibos verdes, trabalho temporário, «estágios», contratos a prazo), com as alterações para pior do Código do Trabalho tenta-se desregulamentar completamente os horários de trabalho, fazendo dos trabalhadores escravos do emprego, sem tempo para a vida familiar e o lazer; tenta-se destruir a contratação colectiva,; atacam-se as organizações de classe dos trabalhadores (nomeadamente os sindicatos da CGTP-IN); os baixos salários mantêm-se, com grande incidência nas novas gerações de trabalhadores; aumenta a exploração, ao mesmo tempo os bancos e as grandes empresas continuam a ter lucros astronómicos, as desigualdades crescem.

A somar a todos os problemas relacionados com o (des)emprego, existe o problema do direito à habitação. Este Governo PS destruiu o único instrumento de apoio ao arrendamento jovem (IAJ), e substituíu-o por outro praticamente inacessível e com graves limitações orçamentais e de obtenção (Porta 65). O elevado valor das rendas praticadas e a falta de apoio ao arrendamento por parte do Estado empurra os jovens para os sufocantes empréstimos bancários que consome uma grande fatia dos seus magros salários. Estes factores impedem a independência e emancipação dos jovens.
Apesar de ser um direito constitucionalmente garantido, o acesso à cultura está cada vez mais elitizado. Os bilhetes para concertos, teatros, cinema ou museus atingem valores muito elevados que dificilmente um jovem pode pagar, ao mesmo tempo, também o preço dos instrumentos musicais, dos materiais, do software, juntamente com a falta de salas de ensaio e de espaços para a apresentação de novos projectos fazem com que a produção cultural não seja para todos, mas só para quem pode pagar.

«Nós atravessamos a história sem negarmos o que somos e o que queremos. Somos comunistas. Queremos corrigir o presente e construir o futuro.» (3)

A construir o Futuro!

Ao longo destes 30 anos foram muitas as lutas travadas pela juventude portuguesa, tendo a JCP e os jovens comunistas um papel insubstituível na sua dinamização e na consciencialização dos jovens para a necessidade da luta.
São exemplos de importantes lutas, as desenvolvidas contra a Prova Geral de Acesso (PGA), a revisão curricular, as propinas, os exames nacionais e provas globais, pela implementação da educação sexual, contra o pacote laboral, pelos direitos dos jovens trabalhadores, pela despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), contra a invasão do Iraque e pela independência de Timor.

Muitas destas lutas permitiram travar a ofensiva e outras, permitiram mesmo o avanço nas conquistas e direitos.

Hoje, os ataques aos direitos da juventude não diminuíram antes pelo contrário aumentaram. Também a luta juvenil se mantém e reforça. Este ano foram mais de 60 mil estudantes do ensino secundário em luta. Lutaram e continuaram a lutar por uma educação pública, gratuita de qualidade e democrática para todos, sem exames nacionais, sem o estatuto do aluno, pelo fim progressivo dos «numerus clausus», pela implementação da educação sexual de uma forma interdisciplinar, pela gratuitidade dos manuais escolares e de todos os materiais de apoio, por uma ASE que garanta a todos o acesso, frequência e sucesso no ensino.

Também, este ano, no ensino superior, os estudantes saíram à rua com muita força e lutaram: por um ensino superior público, gratuito, de qualidade e democrático para todos, por uma nova Lei do Financiamento, sem propinas, por mais e melhor ASE, sem empréstimos e que responda às necessidades e permita a todos a frequência em condições de igualdade, pela retirada de Portugal do Processo de Bolonha, pela revogação do RJIES e pela existência de estágios remunerados.

No mundo do trabalho, estamos a viver um tempo de grandes e crescentes lutas com muitos e muitos milhares de trabalhadores em luta, inclusive os jovens. De salientar a manifestação nacional de jovens trabalhadores, dia 28 de Março, Dia Nacional da Juventude, que pelo 4.º ano consecutivo trouxe para rua milhares de jovens trabalhadores em defesa dos seus direitos pela alteração dos aspectos mais negativos do Código do Trabalho e da legislação laboral da Administração Pública, pela passagem a efectivos de todos os trabalhadores que desempenham funções permanentes, pelo fim do trabalho precário, pelo aumento real dos salários, contra a desregulamentação dos horários de trabalho, pelo alargamento dos critérios de atribuição do subsídio desemprego, pelo pleno emprego.

Hoje, como ao longo destes 30 anos de vida da JCP, a luta da juventude portuguesa continua e vai continuar... até à construção do Futuro!

A JCP não pára

A JCP soube, ao longo dos anos, intervir criativamente junto da juventude, utilizando formas originais e próprias da sua condição juvenil.
Através da nossa actividade conseguimos chegar junto dos jovens portugueses de inúmeras maneiras, com objectivo de elevar a sua consciência política e reforçar a influência de valores comunistas entre a juventude.

A JCP desenvolveu recentemente iniciativas de massas e com carácter nacional de que importa ressaltar: a 6ª edição do Torneio AGIT, torneio de futesal da JCP, que decorreu nos meses de Abril e Maio, envolveu mais de 100 equipas e mais de 1200 de jovens atletas femininos e masculinos, em cerca de 45 eliminatórias de Norte a Sul do país pelo direito ao desporto. O concurso para o Palco Novos Valores na Festa do Avante!, concurso único em Portugal e na Europa. Pela continuidade ao longo dos anos [mais de 10 anos], pelo número de eliminatórias realizadas em todo o país, pelo número de bandas envolvidas, pelo espírito de solidariedade e fraternidade que o caracteriza. Este ano existiram cerca de 30 de eliminatórias, participaram mais de 100 bandas envolvendo milhares de jovens tanto a assistir como a tocar. A campanha Cultura Para Todos, desenvolvida junto dos jovens exigindo ao Governo medidas que garantam a democratização do acesso à cultura, quer do ponto de vista da produção cultural, quer da sua fruição. Foram milhares de jovens, entre os quais muitos jovens artistas de diversas áreas, que assinaram o postal em diversas acções como festivais de verão, concursos de bandas, festas populares, bares e outros locais de concentração juvenil. Os milhares de assinaturas recolhidas deram origem a uma petição, obrigando o Parlamento a discutir em plenário as reivindicações dos subscritores. Esta discussão foi possível graças à iniciativa da JCP e dos milhares de jovens que a apoiaram.

Mas a actividade da JCP não se fica por aqui, passa também por debates, pinturas de murais, convívios, jantares, acampamentos, torneios desportivos, torneios de Pro Evolution Soccer e Sing Star na Playstation, etc., iniciativas que servem para reforçar a organização e consequentemente a luta da juventude.

Nota de conclusão: ao longo destes 88 anos de vida do PCP, as várias gerações de jovens comunistas portugueses mostraram estar sempre na vanguarda da luta pelos direitos, sonhos e aspirações dos jovens portugueses. Também a JCP sabe e saberá estar à altura das exigências e vamos com toda a certeza transformar a vida e construir o Futuro!

(1)In Estatutos PCP
(2)In Princípios Orgânicos da JCP
(3)In «Avante!» n.º 1840, Jorge Messias, Religiões