quinta-feira, 26 de março de 2009

Encontro de Universitários da UJS inicia a “maior mobilização da história dos Congressos da UNE

Encontro de Universitários da UJS inicia a “maior mobilização da história dos Congressos da UNE

A União da Juventude Socialista realizou, nos dias 23 e 24 de março, o maior Encontro nacional de Estudantes Universitários de sua história. O evento, que ocorreu na capital de São Paulo, reuniu quase trezentas lideranças estudantis e deu a largada no que pretende ser o maior processo de mobilização já visto para um Congresso da UNE.

Em clima de muita unidade política e de superação, a militância destacou a necessidade de aproveitar o momento político favorável para enraizar a UJS nas grandes universidades, através da realização de milhares de novas filiações e da formação de núcleos.

“É preciso aproveitar o momento do Congresso, que mobiliza centenas de milhares de estudantes universitários, para apresentar as ideias da UJS e construir nossa força política nas grandes universidades. O desafio é a superação de todas as dificuldades para construir o maior processo de mobilização já visto para um Congresso da UNE”, aponta Marcelo Gavião, presidente da UJS.

Crise capitalista em debate

A primeira mesa de debates do Encontro foi sobre a crise econômica, seus impactos no país e as alternativas para sair dela, apresentada por Dilermando Toni (Diler), membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil.

Diler ressaltou as melhores condições acumuladas pelo Brasil para enfrentar a situação, levantou o importante papel que a China tem jogado no mundo, despontando como país em ascensão e que pode emergir mais bem posicionado da crise no jogo de poder mundial e apontou o socialismo como saída de fundo para solução das contradições do sistema capitalista.

O palestrante também se deteve em expor a tática que os comunistas defendem para o momento no Brasil, que prega a conformação de um novo pacto político, através da união entre trabalhadores, movimentos populares, forças progressistas e empresários do setor produtivo em contraponto ao predomínio econômico e político do capital financeiro.

"Temos que formar uma frente ampla para tentar vencer esse pessoal, a partir de um pacto político e social. Assim levaremos enorme vantagem. Dizem que o Brasil tem melhores condições de enfrentar a crise justamente porque não adotou integralmente o neoliberalismo e preservou bancos públicos importantes, estatais importantes, como a Petrobrás. Precisamos unir forças e aproveitar o momento para derrotar o capital financeira e conduzir o país à saída crise”, disse.

Os 25 anos de construção da UJS no Movimento Estudantil

A tarde, os debates recordaram a trajetória de organização dos jovens socialistas no movimento estudantil universitário, abordando acertos e erros e momentos decisivos desses vinte e cinco anos. Os palestrantes foram Ricardo Abreu (Alemão), Júlio Vellozo e Fernando Nindsberg, todos dirigentes da UJS em fases distintas.

Alemão fez um resgate histórico da formação da UJS, sucessora da “Viração” do início dos anos 80, e herdeira do trabalho realizado entre os universitários pela Ação Popular (AP). O dirigente também lembrou a atualidade da sistematização elaborada no 10º Congresso da UJS que elenca dez pontos da concepção dos jovens socialistas sobre a ação no ME.

Para Fernando Nindsberg, os desafios da atual geração são ainda maiores do que os anteriores, pois as necessidades para uma corrente revolucionária são crescentes. Também apontou a capacidade de ser “contemporânea” como uma das razões do sucesso da entidade entre os jovens.

Júlio Vellozo frisou que a ousadia é fundamental para o movimento juvenil, em particular para a ação entre os universitários e lembrou as alterações nas regras eleitorais da UNE, a retomada da sede no Flamengo e a manifestação de 16 de agosto de 2005 como exemplos de coragem política.

A maior mobilização para um Congresso da UNE

A manhã de terça-feira foi reservada ao debate sobre o projeto estratégico da UJS para o movimento estudantil universitário, seguido da exposição das linhas gerais do plano de ação dos jovens socialistas para o próximo Congresso da União Nacional dos Estudantes.

A ideia de construir a maior mobilização da história para um Congresso foi amplamente aceita pela militância, o que exigirá dialogar com milhões de alunos durante a campanha e intensificar o trabalho de filiação e organização da UJS durante o processo.

O movimento Da Unidade Vai Nascer a Novidade, lançado pela UJS para o Congresso da UNE, terá o desafio de ultrapassar o número de um milhão de votantes na soma das eleições que realizar para o 51º Congresso da UNE.

“Essa meta não é por acaso, mas por exigência da conjuntura política. Fortalecer a UJS e a UNE é fundamental para conduzir a luta da juventude contra os efeitos da crise, para influenciar e fazer vitorioso um programa de mudanças profundas em nosso país nas eleições de 2010. Mudanças que nos aproximem do nosso objetivo estratégico, que é a construção de uma sociedade socialista”, reforça Marcelo Gavião.

De São Paulo,

Fernando Borgonovi

Conferência Nacional de Educação – qual será o centro do debate?

Conferência Nacional de Educação – qual será o centro do debate?

Márcio Cabral, diretor de movimento estudantil universitário da UJS, escreve em artigo sobre a importância da Conferência Nacional de Educação e do elemento que considera central nos debates educacionais do próximo período: "a ampliação da educação e a sua tarefa pública frente aos interesses privados e fragmentados que permeiam esta discussão".

Leia a íntegra do artigo.

Conferência Nacional de Educação – qual será o centro do debate?

“Qualquer pessoa que se recuse a assumir
a responsabilidade coletiva pelo mundo não deveria ter crianças,
e é preciso proibi-la de tomar parte em sua educação.” (Hannad Arendt)

Hannad Arendt, filosofa alemã, em seu artigo “A crise da educação”, afirmava que ter responsabilidade pelo mundo assume, na contemporaneidade, a forma de autoridade, fato este que deve ser reconhecido para muito além da qualificação ou da capacitação. Talvez esta seja uma das explicações para o atual estado da educação pública brasileira – ausência de autoridade legítima ou total falência da responsabilidade coletiva sobre o ato de educar as novas gerações. E é interessante relacionar este pensamento ao fato histórico da convocação da Conferência Nacional de Educação – Conae, que tem como tarefa central a construção do sistema nacional integrado, além de debater o novo Plano Nacional de Educação – PNE.

O objetivo proposto pela Conae não é nenhuma novidade, pois esta tem sido a pauta principal do movimento progressista em educação no Brasil. É possível identificar na história ressente da República a legitimação de interesses privados em detrimento do bem público, e lógico, que a educação pública também esteve permeada por este enfoque.

Há no sistema educacional brasileiro uma forte contradição. A escola de massas que se consolidou nas últimas décadas permanece distante da formação necessária que o próprio sistema capitalista coloca como condição essencial à formação do homem ativo, produtivo e integrado. Neste sentido, nos ofereceram duas alternativas para elegermos um culpado para o fracasso da educação brasileira. O primeiro trata de responsabilizar a escola, pois diz-se que esta encontra-se despreparada para educar, instruir e profissionalizar. De outro lado, a própria escola trata de culpar a sociedade por esta ter se desresponsabilizado pela educação de seus filhos, ou ainda, de forma mais imediatista, trata de eleger o aluno como desinteressado, incapaz e problemático.

Em meio a tudo isso a questão da autoridade surge como um alerta social capaz de enfrentar esta falsa contradição. A escola tem sido o primeiro canal de relação da criança com o mundo. No entanto, a escola não é, de modo algum, o mundo e jamais deverá sê-lo. Assumir autoridade é um primeiro passo para esse resgate. Como dizia Arendt, “quanto mais radical se torna a desconfiança face à autoridade na esfera pública, mais aumenta, naturalmente, a probabilidade de que a esfera privada não permaneça incólume.” Portanto, é preciso resgatar a autoridade pública frente aos desafios de educar uma nação. Não nos será permitido relegar somente à escola o papel de educar nossos filhos. Para tanto, o Estado (não o governo) deve assumir para si o resgate da autoridade e, assim, ser capaz de responsabilizar também a sociedade para tal.

É nisto que se fundamenta a necessária ação articulada do campo progressista na Conferência Nacional de Educação. Precisamos restabelecer os atores e apontar os papéis corretos para que a educação pública assuma a sua real tarefa, pois é nela que reside “o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele”. (Arendt)

Responsabilizar-se é, neste sentido, delegarmos com clareza o papel do Estado, da sociedade e da escola frente à educação e aprendizagem. E isso não será feito se o palco propício para isto se tornar objeto de disputas corporativas incapazes de identificar o centro do embate: a ampliação da educação e a sua tarefa pública frente aos interesses privados e fragmentados que permeiam esta discussão, resgatando o citivas mundi, onde a educação assuma a formação do sujeito “mundanizado”, ativo, liberado de vínculos e ordens e crítico frente aos desafios de seu tempo.

Márcio Cabral, estudante de Pedagogia da UNIFESP e membro da Executiva Nacional da UJS

30 de Março: a juventude não vai pagar pela crise

30 de Março: a juventude não vai pagar pela crise

Nesta segunda feira, 30 de março, os movimentos sociais ocuparão as ruas nos quatro cantos do país para dar o recado: "Essa crise não é nossa! Queremos mais investimentos!". Por indicação de plenária realizada no Fórum Social Mundial, em diversas outras nações acontecerão atividades semelhantes.

A Jornada de Lutas unificada - que envolverá entidades juvenis e estudantis, centrais sindicais, trabalhadores rurais, entidades das lutas emancipatória e antirracista - apresentará uma pauta popular para enfrentar os efeitos da crise capitalista.

"Os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade estarão unidos contra a crise e as demissões, por emprego e salário, pela manutenção e ampliação de direitos, pela redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salários, pela reforma agrária e em defesa dos investimentos em políticas sociais", diz o texto de convocação do ato unificado.

UJS na linha de frente

A União da Juventude Socialista deve participar de maneira destacada desses atos. Segundo Marcelo Gavião, presidente da nacional da entidade, milhares de jovens socialistas irão engrossar as manifestações.

"Vamos mobilizar toda a nossa militância para esses atos. A situação é grave e não permitiremos que a juventude seja chamada a pagar a conta de uma crise que não é nossa, que foi fabricada pelos especuladores e pelos países ricos", disse.

Gavião também alerta para a necessidade de unir forças para melhor resistir à tormenta. "É hora de união dos movimentos sociais para enfrentar o interesse dos poderosos, que causaram a crise e querem jogar o problema nas costas do povo. Por isso, saudamos a manifestação unitária como um passo importante para resistir e reivindicar uma saída da crise que não penalize o povo".

De São Paulo,

Fernando Borgonovi

Como a pressão da Globo tirou uma emissora da parabólica

Como a pressão da Globo tirou uma emissora da parabólica

Desde o último dia 25 de fevereiro, o canal cearense TV Diário, auto-intitulado “A TV do Nordeste”, teve seu sinal via parabólica tirado do ar. A retirada foi resultado de pressões da Rede Globo junto ao sistema Verdes Mares, do qual a emissora faz parte.

Por Mariana Martins, no Observatório do Direito à Comunicação

Com isso, a oferta da TV Diário, que até então chegava a uma parcela significativa do território brasileiro, ficou restrita apenas ao estado do Ceará. A Rede Globo, em nota, justificou a investida argumentando que ela teve como objetivo harmonizar os sinais de emissoras afiliadas, restringindo-os aos seus territórios de origem.

“A TV Globo, como cabeça de rede da Rede Globo, formada por 121 emissoras, procura harmonizar os sinais de VHF e UHF de forma a que estes fiquem circunscritos a seus territórios de cobertura. Desta forma, em busca de uma harmonia entre todos e pelo respeito recíproco aos interesses, a atuação da TV Diário estará restrita a seu território de cobertura, não sendo mais captada em território de outros afiliados. Seu sinal permanecerá no satélite, cobrindo o estado do Ceará, porém codificado”, diz o comunicado da Rede.

A nota, contudo, não esclarece qual a prerrogativa da cabeça para comandar a harmonização de sinais de emissoras que não estão no seu quadro de afiliadas, como é o caso da TV Diário. Para Bruno Marinoni, mestre em comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco e pesquisador sobre as estratégias do Sistema Verdes Mares no mercado cearense, as Organizações Globo tentam confundir o público insinuando que a TV Diário seria parte de sua rede, quando na verdade apenas a TV Verdes Mares faz parte dela .

“Assim, elas misturam suas medidas de ‘padronização’ das afiliadas com a pressão que vêm fazendo para minar as possibilidades de expansão de um concorrente no mercado nacional”, diz o pesquisador. O que se revela nesse processo, completa, “é a luta selvagem e desigual entre duas empresas em que a mais fraca baixa a cabeça e segue em frente numa ‘cooperação constrangida’”.

Disputa concorrencial

O vertiginoso crescimento da aceitação da TV Diário a partir de sua entrada no sinal via antena parabólica deixou em alerta a Rede Globo, histórica aliada do Sistema Verdes Mares de Comunicação, grupo responsável pelas gestão da TV Diário.

De acordo com o blog Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, teria havido uma ameaça de quebra de contrato por parte da Rede Globo com a TV Verdes Mares, caso o grupo responsável pelo seu controle, Edson Queiroz, continuasse a tentar expandir o alcance da TV Diário para além do Ceará.

Bruno Marinoni pondera, no entanto, que a polarização entre a Rede Globo e a TV Diário não deve ser vista como um embate entre lógicas nacionais e regionais, mas como uma disputa empresarial motivada pela lógica da mercadoria que elas imprimem à comunicação. “Nesse caso a liberdade de empresa precede em relação ao direito à comunicação, pois são duas empresas com poderes diferentes e todas duas tomaram a decisão política de garantir a manutenção do seu faturamento em detrimento da manutenção da abertura para a diversidade”, comenta.

Apesar de uma programação totalmente produzida localmente, a TV Diário não está imune às críticas acerca de seus conteúdos. A emissora foge da simples retransmissão de programas nacionais, mas essa opção está longe de representar uma ruptura com o modelo de programação e linguagem das redes nacionais. Além de atrações policialescas e sensacionalistas que viraram moda nas principais emissoras do nordeste, a emissora representa de maneira distorcida até o público que advoga privilegiar, o nordestino.

“A bandeira do regionalismo que é levantada pela TV Diário só é válida até o momento que isso não ameace o seu faturamento, serve apenas como mote para explorar um nicho de mercado”, denuncia Marinoni.

Parabólica ilegal

Para Gustavo Gindre, Coordenador do Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura (INDECS) e membro do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, mais do que a tomada de lado entre uma ou outra emissora, o caso em questão enseja uma discussão anterior sobre a legalidade das transmissões via antena parabólica.

Segundo Gindre, não existe uma outorga para este tipo de transmissão. Estas antenas, acrescenta, deveriam servir apenas às retransmissoras regionais para que as mesmas pudessem captar os sinais enviados por satélite pelas geradoras nacionais. Contudo, por uma deficiência do sistema de radiodifusão que não consegue chegar em todo território nacional, começou-se a explorar a captação via antena parabólica.

“Todo mundo que usa a banda C da parabólica, essa que chega na casa das pessoas, está praticando um ‘roubo’ de sinal. Mas como o número de pessoas que precisam deste tipo de antena para receberem o sinal em casa é muito expressivo, esta prática acabou por ser legitimada. Agora, a própria Rede Globo produz programação específica para esse tipo de sinal, como no caso do jornal Brasil TV”, analisa.

A inexistência de leis atuais para a regulamentação do setor, lembra ainda o pesquisador, facilita que as emissoras atuem e que estas práticas acabem se tornando fato consumado, como é o caso das transmissões via parabólica, que agora já são até objeto de disputa no mercado.

“A TV do Nordeste"

A TV Diário iniciou suas transmissões em julho de 1998, com a proposta de, segundo a sua página eletrônica, “mostrar o Nordeste com uma linguagem coloquial e um pouco distante dos ditames formais e pré-estabelecidas de outras emissoras; uma linguagem inovadora e diferente e que traduzisse a cultura e as necessidades do povo nordestino”.

A programação da emissora, com produção exclusivamente cearense e com apelo nordestino, acabou por preencher a lacuna da ausência de conteúdos regionais criada pelo modelo de redes nacionais, calcado nas produções realizadas pelo eixo Rio-São Paulo. Segundo pesquisa realizada pelo Observatório do Direito à Comunicação [veja aqui ], são veiculados pelas emissoras brasileiras uma média de apenas 10,83% de programas regionais nas grades de programação.

O Sistema Verdes Mares, controlador da TV Diário é o maior conglomerado de comunicação do estado. Faz parte de seus empreendimentos de comunicação: um jornal impresso, o Diário do Nordeste; duas emissoras de televisão, uma em VHF e outra em UHF, a TV Verdes Mares e a TV Diário, respectivamente; três rádios, sendo duas FMs (uma no Recife e outra em Fortaleza) e uma AM, e um portal na internet.

A relação deste conglomerado de mídia regional com as organizações Globo se deu desde quando a primeira emissora de televisão do grupo, a TV Verdes Mares, tornou-se afiliada da TV Globo. Ao contrário da TV Diário, a TV Verdes Mares tem pouca produção local e transmite durante maior parte da sua programação a grade nacional da Vênus Platinada.

UJS quer mobilizar 1 milhão para o próximo Congresso da UNE

UJS quer mobilizar 1 milhão para o próximo Congresso da UNE

A União da Juventude Socialista (UJS) realizou, dias 23 e 24 de março, o maior Encontro Nacional de Estudantes Universitários de sua história. O evento, que ocorreu na capital de São Paulo, reuniu quase 300 lideranças e deu a largada no processo de mobilização da UJS para o 51º Congresso da UNE. Entre as decisões, está o desafio de mobilizar mais de 1 milhão de estudantes no processo do congresso. Segundo a presidente da UNE, Lúcia Stumpf, dois milhões de estudantes devem participar do 51º Congresso da UNE.

O movimento “Da Unidade Vai Nascer a Novidade”, lançado pela UJS para o Congresso da UNE, terá o desafio de ultrapassar o número de um milhão de votantes na soma das eleições que realizar para o 51º Congresso da UNE.

“Essa meta não é por acaso, mas por exigência da conjuntura política. Fortalecer a UJS e a UNE é fundamental para conduzir a luta da juventude contra os efeitos da crise, para influenciar e fazer vitorioso um programa de mudanças profundas em nosso país nas eleições de 2010. Mudanças que nos aproximem do nosso objetivo estratégico, que é a construção de uma sociedade socialista”, reforçou Marcelo Gavião, presidente da UJS.

A crise econômica foi tema de destaque do encontro da UJS. Segundo Dilermando Toni (Diler), convidado para apresentar o debate no encontro e membro do Comitê Central do PCdoB, o Brasil tem as melhores condições acumuladas para enfrentar a situação. Ele levantou o importante papel que a China tem jogado no mundo, despontando como país em ascensão e que pode emergir mais bem posicionado da crise no jogo de poder mundial. Para ele, o socialismo é a saída de fundo para solução das contradições do sistema capitalista.

O palestrante também se deteve na tática que os comunistas defendem para o momento: a conformação de um novo pacto político. "Temos que formar uma frente ampla a partir de um pacto político e social. Assim levaremos enorme vantagem. Dizem que o Brasil tem melhores condições de enfrentar a crise justamente porque não adotou integralmente o neoliberalismo e preservou bancos públicos importantes, estatais importantes, como a Petrobras. Precisamos unir forças e aproveitar o momento para derrotar o capital financeira e conduzir o país à saída crise”, disse.

25 anos da UJS no ME

A tarde, os debates recordaram a trajetória de organização dos jovens socialistas no movimento estudantil (ME) universitário, abordando acertos e erros desses 25 anos. Os palestrantes foram Ricardo Abreu (Alemão), Júlio Vellozo e Fernando Nindsberg, todos dirigentes da UJS em fases distintas.

Abreu Alemão fez um resgate histórico da formação da UJS, sucessora da “Viração” do início dos anos 80, e herdeira do trabalho realizado entre os universitários pela Ação Popular (AP). O dirigente também lembrou a atualidade da sistematização elaborada no 10º Congresso da UJS que elenca dez pontos da concepção dos jovens socialistas sobre a ação no ME.

Para Fernando Nindsberg, os desafios da atual geração são ainda maiores do que os anteriores, pois as necessidades para uma corrente revolucionária são crescentes. Também apontou a capacidade de ser “contemporânea” como uma das razões do sucesso da entidade entre os jovens.

Júlio Vellozo frisou que a ousadia é fundamental para o movimento juvenil, em particular para a ação entre os universitários e lembrou as alterações nas regras eleitorais da UNE, a retomada da sede no Flamengo e a manifestação de 16 de agosto de 2005 como exemplos de coragem política.

Yeda, a pior governadora do país, enfrenta novos protestos

Yeda, a pior governadora do país, enfrenta novos protestos

Nesta quinta (26), Yeda Crusius (PSDB), além de ter que responder ao resultado do Datafolha — onde a tucana aparece como a pior governadora do país entre outros 10 avaliados —, teve que ouvir os gritos de centenas de estudantes que foram às ruas da capital gaúcha. A manifestação deu continuidade aos protestos desta quarta (25) em Pelotas e Santa Maria pela campanha “Caras pintadas, Ella não pode continuar”. Na segunda (30), como parte do Dia de Mobilização e Luta em Defesa do Emprego e dos Direitos Sociais, os estudantes voltarão a pedir a cabeça da governadora.


Acima, Porto Alegre, abaixo, Pelotas: Yeda treme

Na capital, os estudantes partiram do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, no bairro Santana, percorreram as avenidas João Pessoa e Salgado Filho, e chegaram em frente ao Palácio Piratini, no Centro. “Foi uma grande vitória na nossa primeira manifestação pública na volta das caras pintadas reunir este grande número de pessoas”, afirmou Juliano Medeiros, diretor de movimentos sociais da UNE, presente na manifestação.

Conforme Juliano, a caminhada marcou a apresentação à sociedade de uma carta, assinada por mais de 20 entidades estudantis, que pede a apuração das denúncias contra a tucana e exige sua saída imediata do executivo estadual. O documento foi entregue ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Ivar Pavan (PT), no último dia 5, dia que também marcou o lançamento da campanha “Caras pintadas, Ella não pode continuar”.

A carta foi lida parcialmente durante o percurso por líderes estudantis que se revezavam ao microfone. A pesquisa Datafolha também foi mencionada. Os manifestantes carregavam cartazes e algumas bandeiras de partidos de esquerda, e tinham adesivos Fora Yeda colados nas camisetas. A população nas ruas manifestava apoio ao protesto.

Chega de impunidade

O estudante de jornalismo da UFRGS, Rodolfo Mohr, expressou a opinião dos estudantes. “O Rio Grande do Sul está há 40 dias incomodado com o sigilo de justiça, com a falta e com a morosidade dos órgãos que deveriam apurar as denúncias e nós exigimos uma resposta contundente da governadora. Do contrário, o Fora Yeda vai tomar um corpo cada vez mais unificado, com comitês nas universidades, nas escolas e por todo o Rio Grande do Sul.”

Na quarta-feira (25), os estudantes reuniram-se com a Ordem dos Advogados do Brasil para entregar um manifesto e tratar das denúncias contra a governadora. Na reunião, os estudantes também pediram acompanhamento da Comissão de Diretos Humanos da OAB para as mobilizações.

Na próxima segunda (30), novas manifestações devem acontecer pelo estado. A data marca um período de mobilizações mundiais, convocadas pelo Fórum Social Mundial de Belém, em defesa dos direitos e do emprego dos trabalhadores diante da crise econômica. Além de Porto Alegre, outras capitais deverão sair à ruas. Em São Paulo, as seis centrais sindicais, além de outros movimentos sociais, convocam a manifestação.

Yeda em último lugar

Escândalos sucessivos, medidas impopulares e uma oposição incansável são as razões apontadas por aliados para Yeda ficar com a avaliação mais baixa entre 10 governadores avaliados na pesquisa do Datafolha. No estudo divulgado, o governo Yeda obteve nota 4,3. A pesquisa foi realizada entre 16 e 19 de março.

“Há clara e evidente vontade de denegrir a imagem da governadora”, disse o aliado e deputado federal Claudio Diaz (PSDB). Já a oposição considera natural o desempenho do governo na pesquisa. “Yeda está em 10º lugar porque só pesquisaram 10 governadores. Caso contrário, estaria na 27ª posição”, disse o deputado Raul Carrion (PCdoB).

Aracaju: crise financeira demanda cuidados com orçamento

Aracaju: crise financeira demanda cuidados com orçamento

Por conta da crise financeira mundial, muitos aracajuanos têm sido obrigados a equilibrar o orçamento doméstico e destinar suas receitas financeiras apenas para gastos com produtos de primeira necessidade. No âmbito da administração municipal, o cuidado com o equilíbrio da relação entre o que se arrecada e o que se gasta não pode ser menor.

Técnicos alertam para a necessidade de maior precaução com as contas públicas, principalmente diante da constatação de queda na arrecadação de impostos. Para garantir o cronograma de obras, investimentos e serviços previstos para 2009, assim como a população, a Prefeitura de Aracaju tem contingenciado os gastos com custeio.

De acordo com o relatório do balanço financeiro do primeiro bimestre da Prefeitura, a queda na arrecadação municipal continua. As bases preliminares de análise da receita total do município nos dois primeiros meses deste ano indicam uma queda de 2,98% em relação ao mesmo período de 2008.

De acordo com nota publicada na Folha Online, a segunda parcela de março do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), repassada pelo Governo Federal na última sexta-feira, aprofundou o quadro de adversidade para mais de 80% dos municípios do país, que têm no FPM sua principal fonte de recursos.

O valor repassado pelo Governo Federal foi 14,4% abaixo da previsão do Tesouro, o que aponta para um fechamento do mês de março com queda maior que os 18% inicialmente estimados. No Norte e Nordeste, há cidades que não receberam nenhum centavo.


Economia doméstica


Com receio de que a crise financeira mundial afete a economia doméstica, a população aracajuana tem evitado os gastos com produtos considerados supérfluos e deixado de realizar compras a prazo. Segundo a dona de casa Maria Silvia Prado, para tentar evitar problemas com o equilíbrio do orçamento na casa da família, as dívidas em longo prazo estão suspensas por tempo indeterminado.

"Além de não nos comprometermos com compras parceladas por muito tempo, temos cortado tudo o que não nos parece imprescindível. Como temos três filhos, evitar esses gastos é muito difícil. Já cheguei até a substituir marcas de produtos que estava acostumada a comprar por outras mais baratas para tentar economizar", conta.


Comércio


Para Marcos André Moreira, gerente de uma loja de móveis e eletrodomésticos do Centro de Aracaju, a crise financeira já vem surtindo feito desde o período natalino. Segundo ele, o mês de dezembro, que costuma acumular grande volume de vendas, foi o pior dos últimos tempos.

"Infelizmente, por causa da crise, no mês de janeiro chegamos até a demitir alguns funcionários para reduzir as despesas com o pessoal. Apesar de as vendas terem começado a aumentar da última quinzena de fevereiro para cá, não estamos deixando de nos preocupar em economizar. Estamos diminuindo os gastos com energia elétrica, terceirizando alguns serviços, e até deixando de fazer algumas reformas na loja, esperando a crise passar", relata Marcos André.


Finanças públicas


Assim como a população, a Prefeitura de Aracaju também tem adotado medidas para evitar os efeitos da crise. No ano de 2008, o município de Aracaju investiu R$ 82 milhões em obras de melhoramento da cidade, dos quais R$ 33 milhões foram provenientes de recursos próprios, fruto da arrecadação de impostos. Com o cenário favorável, algumas negociações salariais foram realizadas, as quais hoje representam um gasto 14% maior com pessoal, em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, houve o descongelamento da tabela de salários dos servidores, que estava em vigor há 20 anos.

Segundo o secretário municipal de Finanças de Aracaju, Jeferson Passos, perante a perspectiva de crise anunciada no final de 2008, com a queda real 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a PMA passou a seguir uma política de contenção e desacelerou os gastos com custeio. Quando foi detectada queda na arrecadação, ainda no mês de janeiro, medidas de contingência foram adotadas para a diminuição dos gastos. "Foi contigenciado algo em torno de 8,5% das despesas correntes, o que significa R$ 78 milhões que não iremos ter de receita", relata.

Na opinião do trabalhador Luís Prado, o município deve continuar a diminuir os gastos com o custeio e manter os investimentos na área da educação, da infra-estrutura e na área social. "Os gastos têm que ser racionais tanto no contexto do orçamento doméstico, quanto no contexto municipal, para que depois não a gente não sinta efeitos piores", aponta.

domingo, 22 de março de 2009

Frases Revolucionárias

Frases Revolucionárias
Che

"Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética."

"Devo dizer, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionario é movido por sentimento de amor."

"A argila fundamental de nossa obra é a juventude. Nela depositamos todas as nossas esperanças e a preparamos para receber idéias para moldar nosso futuro "

"Vale milhões de vezes mais a vida de um único ser humano do que todas as propriedades do homem mais rico da terra."

"É preciso endurecer, sem perder a ternura, jamais."

"Quando o extraordinário se torna cotidiano, é a revolução."

"Nós, socialistas, somos mais livres porque somos mais completos; somos mais completos por sermos mais livres."

"Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros."

A Argentina enfrenta os barões da mídia

A Argentina enfrenta os barões da mídia

Nas próximas semanas o governo da presidente Cristina Kirchner, da Argentina, vai enfrentar um dabate de grandes dimensões no qual, com certeza, a fúria dos barões da mídia vai se manifestar com uma intensidade maior do que a usual. O motivo: ao enviar ao parlamento um projeto de lei sobre a comunicação social, a presidente se contrapôs diretamente aos interesses daqueles monopolistas que, desde a ditadura militar, há quase trinta anos, manipulam a opinião pública de acordo com suas conveniências - e que hoje estão na oposição ao governo, saudosos dos privilégios que tinham no tempo dos generais presidentes.

São grupos poderosos. Somente quatro ''famílias'' controlam 83% da mídia - uma situação paralela à do Brasil, onde a comunicação é comandada por sete ''famílias''. O grupo do jornal Clarin, que foi um dos principais apoiadores da ditadura militar - repetindo papel semelhante ao desempenhados jornalões brasileiros, com detaque para a Folha de S. Paulo - tem metade do mercado de televisão paga, além de abocanhar grande fatia do mercado de jornais impressos e ter forte presença na internete, rádio e TV aberta.

Ao tomar esta iniciativa, Cristina Kirchner se coloca na vanguarda latino americana pela democratização dos meios de comunicaçã, à frente inclusive do Brasil, onde a prometida Conferência Nacional de Comunicação encontra resistências do tamanho dos gigantes monopolistas da mídia e sua feroz oposição a qualquer medida de abertura no setor.

É uma atitude ousada e corajosa, que a presidente da Argentina justifica como o atendimento de uma ''dívida da democracia”. A lei, disse ela, é “para que todos possam pensar por si mesmos e não como indicam uma rádio ou um canal de televisão... Os bens de caráter social não podem ser monopolizados por um setor ou por uma empresa que acreditam ser os donos da expressão de todo um povo”.

O projeto limita em 35% a concentração na TV a cabo e reduz de 24 para 10 o número de concessões por empresa. O importante é que reserva um terço do espectro da radiodifusão para entidades sem fins lucrativos, como os sindicatos, entre outras medidas democratizantes. Além disso e, principalmente, antevendo as poderosas pressões dos monopolistas da mídia contra sua aprovação pelo parlamento, determina que o projeto seja submetido a uma ampla consulta pública durante 90 dias antes de ir à votação. Esta é uma maneira de envolver em seu debate a sociedade e as entidades representativas do movimento social, para fortalecer a proposta.

Sergio Fernández, diretor da agência oficial de notícias argentina, diz que o projeto “representa um fato histórico e um passo fundamental para que os argentinos vivam numa verdadeira democracia''. Precisamos, justifica, ''viver numa sociedade aonde não exista censura e não há pior censura que a dos monopólios''.

Ele tem razão, e é por isso que a proposta da presidente Kirchner merece apoio de todos os democratas. Quebrar a concentração dos meios de comunicação é uma exigência da democratização mais profunda da sociedade, fortalecendo a participação popular e colocando limites ao poder desmedido do grande capital e das empresas monpolistas.
Renato Rabelo

Altamiro Borges: a democratização da mídia… na Argentina

Altamiro Borges: a democratização da mídia… na Argentina

Numa atitude ousada e corajosa, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, resolveu enfrentar a ditadura midiática. Enviou ao parlamento um projeto de lei dos serviços de comunicação social para substituir a lei da radiodifusão imposta pelo regime militar (1976-1983). Ao anunciá-lo, ela afirmou que o projeto “é uma dívida da democracia”.

Por Altamiro Borges, em seu blog

Conforme explicou, a lei é “para que todos possam pensar por si mesmos e não como indicam uma rádio ou um canal de televisão... Os bens de caráter social não podem ser monopolizados por um setor ou por uma empresa que acreditam ser os donos da expressão de todo um povo”. Cristina Kirchner parecia se referir ao Brasil!

Entre outros avanços, o projeto limita em 35% a concentração no ramo de TV a cabo; reduz de 24 para 10 o número de concessões por empresa; reserva 33% do espectro da radiodifusão para as entidades sem fins lucrativos, inclusive sindicatos; fixa um calendário de “eventos de interesse público” para transmissão obrigatória; cria o Conselho Multisetorial e Participativo, composto por acadêmicos e entidades populares; apóia a produção local mediante cotas de exibição; fomenta a produção de conteúdos educativos e infantis; estimula a rede pública de comunicação; determina as audiências públicas para renovação de concessões e uso das tecnologias digitais.

Apoiador da ditadura, Clarín estrebucha

Como relata Emir Sader, que participa de um seminário em Buenos Aires, “a mídia privada, que conviveu tranquilamente com a lei imposta pela ditadura, já começou uma nova campanha contra o governo, acusando-o de ‘totalitário’ e de querer controlar a ‘imprensa livre’ – autodenominada por eles mesmos, os poucos grupos controlados oligarquicamente por poucas famílias, que se julgam no direito de definir quem é democrático. A proposta argentina é uma decisiva contribuição para a democratização na formação da opinião pública e, por isso mesmo, será alvo dos violentos ataques da mídia, que promoveu o golpe militar de 1976 no país e apoiou a ditadura militar”.

O sociólogo lembra que o jornal Clarín, que hoje faz oposição à presidente Cristina Kirchner, foi um dos principais apoiadores da ditadura militar. Já no fim do reinado do general Rafael Videla, ele publicou: “Ao final de cinco anos há um saldo de ordem, segurança e paz imposta pela força militar... Videla volta a seu lar acompanhado pelo respeito e consideração dos que reconhecem sua honestidade e seu patriotismo”. Hoje, o general-torturador é execrado pela sociedade e sofre vários processos. O grupo Clarín prosperou na ditadura e atualmente é dono de 50% do mercado de TV paga e jornais, além de participações na internet, rádios e canais abertas. No ano passado, ele foi o principal porta-voz do locaute dos barões do agronegócio contra o governo Kirchner.

“Pior censura é a dos monopólios”

O novo projeto de lei significa um duro golpe no poder monopolizado e manipulador do Clarín e das outras três famílias que controlam a mídia no país. Como afirma Sergio Fernández, diretor da agência oficial de notícias, “ele representa um fato histórico e um passo fundamental para que os argentinos vivam numa verdadeira democracia. Necessitamos viver numa sociedade aonde não exista censura e não há pior censura que a dos monopólios. Na construção da subjetividade humana, poucas coisas são tão antidemocráticas como a dos grandes meios de comunicação. Em nosso país, apenas quatro grupos são responsáveis pela edição e distribuição de 83% dos conteúdos informativos. Eles exercem uma influencia determinante na disputa dos sentidos”.

Conforme alertou, o debate sobre a nova lei deverá contagiar a sociedade nas próximas semanas. O texto será submetido à consulta pública por até 90 dias antes de ir à votação no parlamento. O governo conta com o apoio de importantes entidades populares, como a ONG Mães da Praça de Maio, e de várias rádios e televisões comunitárias. Já os barões da mídia se encontram divididos, numa disputa fratricida entre os donos da radiodifusão e as empresas de telefonia, que desejam entrar neste mercado lucrativo. Apesar desta fratura, os jornalões e as emissoras de TV prometem dar dor de cabeça à presidente Cristina Kirchner. A manipulação será violenta.

Debate empacado no Brasil

Enquanto o debate sobre a democratização dos meios de comunicação avança na Argentina, no Brasil o status quo se mantém inalterado. Durante o Fórum Social Mundial, realizado em Belém (PA) no final de janeiro, o presidente Lula finalmente anunciou a convocação da Conferência Nacional de Comunicação. A notícia foi festejada pelos ativistas que lutam contra a ditadura midiática no país. Até agora, porém, a portaria convocando o evento não foi publicada. Há boatos de que o atraso se deve à feroz disputa sobre os rumos da conferência – temário e comissão organizadora –, com divergências no próprio governo e entre as poderosas empresas da área.

O atraso confirma que a conferência será alvo de intensa disputa. Como aponta Renata Mielli, no seu blog Janela sobre a palavra, há muitos inimigos de um debate democrático sobre este tema – a começar do representante da TV Globo “sentado na cadeira do Ministério da Comunicação... Os tubarões da mídia, preocupados em ver o seu castelo ser ameaçado, já se preparam para participar dos debates com o intuito de minimizar possíveis avanços no sentido da ampliação da participação da sociedade. Da nossa parte, fica a necessidade de ampliar a mobilização dos mais amplos setores para participarmos da conferência que é nevrálgica para o avanço da democracia. Uma vez que, infelizmente, Lula não tem a mesma ousadia de Cristina Kirchner”.

Ana Marta: na UJS me fiz e a ela me devo!

Ana Marta: na UJS me fiz e a ela me devo!

"Sonho que se sonha só é só sonho, sonho que se sonha junto é realidade" (Raul Seixas)

Minha vida está marcada, justamente, como a vida de tantas e tantos brasileiros que sonhavam e, dentre tantos sonhos, até os mais simples, como comer coisas que só se via na televisão e, principalmente, quando via as "pobres-ricas novelas brasileiras", que cumpriam o papel de, ao menos, inspirar aos que tem desejos e sonhos de progredir na vida. A dureza de viver e enfrentar a vida como ela se colocava naquela realidade, fazia parte do talvez, chamado destino.

Por Ana Marta da Silva Santos*

Uma vida tão simples e com tantas dificuldades em uma casinha tão pequena, onde todos os sete filhos dormiam em um mesmo quarto, onde tantas vezes éramos surpreendidos com a chegada do pai embriagado incomodando e até espancando filhos e esposa, impedindo-nos de ter o tão nobre momento humano: o sono! Era esse o dia-a-dia da "menina-adolescente" que era capaz de sonhar como mulher!

Em 2003, pouco depois de completar meus 16 aninhos tive de presente um convite para participar de uma reunião, organizada pelo professor Arismário (ex-militante da Juventude Viração), que preparava, politicamente, a um grupo de jovens e estudantes, que posteriormente, se formou a delegação Ipiraense ao 29o Congresso Nacional da Ubes, em novembro do mesmo ano em São Paulo, também primeira delegação da cidade a ir a um evento de tal relevância.

Confesso que foi a primeira vez que viajei "tão longe". Meus parentes que viviam em São Paulo sempre foram vistos como pessoas importantes, pelo simples fato de viver na "terra das oportunidades", para os nordestinos, independente do nível de vida e do oficio que realizasse, pois essa era uma das melhores formas de mudar de vida, e realmente, para mim, também foi, mas em um contexto diferente, pois não me coube limpar ou cozinhar para Doutores e, tampouco, ser explorada como mão-de-obra barata ou escrava, pois ali se abriu uma não, mas várias portas e janelas ao mesmo tempo, e meu ofício era entrar no mundo dos que pensam, amam, sonham e fazem tudo em busca de um mundo melhor, não só para si mesmo, mas para todos.

Talvez fosse desnecessário, mas faço questão de citar a tão grande emoção que me contagiava; como a cada um de vocês, nessa experiência fantástica e inesquecível, mas de fato, eu me sentia extasiada e até chorei de emoção quando, por primeira vez ouvi: "Viva, Viva, Viva a Juventude Socialista, Se eu quero e você quer mudar a situação..."; parecia que no dia seguinte estaríamos no mundo novo, transformado por nós mesmos. Claro, que rapidinho aprendi a cantar essa e tantas outras palavras de ordem da UJS e devo dizer que esse foi o fato mais emocionante, extraordinário e inesquecível da minha vida, até aquela idade. O mundo se tornou muito mais infinito e entendi por que o Sonho que se Sonha Junto è realidade!

A militância se deu naturalmente e estendeu-se da pequena cidadezinha do sertão baiano, chegando a preciosa capital da Bahia; e dentre as grandes tarefas estavam o ME( Grêmio do Central, Residência Estudantil, Abes, Ubes), e posteriormente o leque se ampliou com o movimento negro, de mulheres , sindical, luta ecológica, enfim..., tantas lutas que me fez desejar e amar esse mundo da política que você não vale um saco de cimento ou uma dentadura, mas sim o que você é capaz de produzir, pensar, contribuir e, ainda, pode contar com a contribuição desse coletivo que te embriaga de sonhos e desejos de mudar o mundo.

E, como me refiro a uma época não tão remota, mas que vivia em um contexto político diferente; para mim, a universidade (que na UJS aprendemos a vê-la e colocá-la na prioridade que merece, mesmo sendo a militância a maior universidade dessa vida!) era também uma luta prioritária, para mim, e sabia que não estava sozinha na batalha e, por fim, venci também nessa batalha, mas não foi na Bahia, nem no Brasil e sim na nossa pátria-irmã, Cuba, através das bolsas que o governo cubano doa as entidades não-governamentais a diversos países para que estudantes pobres e carentes que não podem custear seus estudos possam estudar na Elam — Escola Latino Americana de Medicina, que representa a concretização de mais um dos fantásticos sonhos do nosso comandante Fidel Castro, que nos acolhe extraordinariamente, adotando-nos como seus filhos, durante nossa residência temporária de seis anos e meio aqui.

A vida em Cuba tem sido uma extraordinária experiência e, só sairá daqui só médico quem quiser, pois as oportunidades de freqüentar um circuito cultural de primeira qualidade a preço tão módico; é incomparável. Além disso, aprendemos que o médico que só de Medicina sabe nem de Medicina sabe; portanto, nos cabe saber de Cultura, Arte, Política... em qualquer parte!Esta é a capital mundial da juventude e dos estudantes, o que nos permite, além de interagir com o povo cubano, interagir com pessoas de tantos países que nunca pensei em conviver; que também vêem aqui estudar diferentes carreiras.

Me resta dizer à "Força que Cresce", que não só cresci, mas que também amadureci, me fortaleci e, pelo pouco que me falta, também me profissionalizei, graças à sua existência e, hoje, depois de passados quase 15 anos me sinto um fruto seu e com o ensinamento do apóstolo da Revolução Cubana, Jose Marti: “Há que fazer em cada momento o que em cada momento e necessário”, portanto, da mesma forma que foi necessário distanciar-me fisicamente da sua estrutura, e necessário, aproveitar os 26 anos da UJS e no seu Congresso Nacional para saudar aos seus militantes e dirigentes dizendo: obrigada, UJS! Parabéns por ser uma perspectiva enorme para a juventude brasileira!!! Bem-vindos os que chegam e valeu aos que se vão!!! Felicidades!!!

Por ocupar as mais representativas entidades estudantis brasileiras (UNE/Ubes...), Latino-Americana (Oclae) e de Juventude (FMJD). Além de ter na sua trajetória nomes brilhantes e inesquecíveis de militantes que passaram dando suas contribuições indispensáveis e inconfundíveis.

Verdade é que a Biologia me chama e com os olhos cheios de lágrimas e com muita emoção, com sentimento de dever cumprido e sem querer dizer Adeus, digo até logo, e não é que estou saindo da mais guerreira e revolucionaria organização juvenil brasileira — é que cumprimos nossos papéis e vamos passando, alguns lentamente, outros mais rapidamente, afinal, chegam outras pessoas a cumprir as mesmas tarefas e, como você me fez, te digo: a você me devo!!! Meu dever agora é trilhar pelos teus mandamentos, recordando Che: “Se você é capaz de sentir por qualquer injustiça em qualquer lugar do mundo, somos companheiros!”.

Aqui, temos Che tão presente, que até as crianças conhecem muito do nosso Comandante, o que me faz ter dúvida quanto a sua ausência física, pois seus ensinamentos estão tão vivos..., que nos faz sentir e dizer: Seremos como El Che!!!

E nosso compromisso de ser como Che não se resume à profissão, mas também ao nosso ideal revolucionário de exercer a Medicina em prol dos que necessitam e não dos que tem melhor poder aquisitivo, pois saúde não é mercadoria e nossa formação trilha por esse caminho e, cabe à UJS apoiar a luta pela revalidação dos nossos diplomas, pois seguramente o que teme a elite médica brasileira é que em nossas consultas verão um belo cartaz, dizendo: “Entre! Aqui você não é um cliente e sim um paciente. Médico Formado em Cuba!

Sou a primeira militante baiana que termina o curso em Cuba e com muito orgulho, deixarei uns quantos e corajosos seres que seguirão suas carreiras para que amanhã sejamos não só os ex-estudantes de Medicina em Cuba, mas sim camaradas que também se fizeram em você e no momento devido entenderão que a você se devem, igual que tantos outros que ainda virão a cumprir a mesma tarefa e formaremos "El Ejercito de Batas Blancas" de Fidel e, conseqüentemente, doutores filhos de trabalhadores, pois cremos que “os poderosos poderão deter uma, duas ou até três rosas, mas jamais poderão deter a primavera!!!!”.

Nessa data tão importante, onde há 80 anos nascia o Comandante Ernesto Che Guevara, espero que tantos Ches nasçam hoje, que tantas meninas e meninos possam ser salvo do mundo das drogas e da prostituição, aonde as Anas, Martas, Marias, Rosas..., tenham seus destinos transformados e concretizaremos os nossos sonhos coletivos como nos ensinou Raul Seixas e viveremos a primavera “del Che”! “Vem pra UJS, vem pra luta também!".

VIVA CUBA!!!
VIVA O BRASIL!!!
VIVA A UJS!!!

"Sigamos sonhando juntos para que nossos sonhos se façam realidade e vivamos sempre a Primavera!"

* Ana Marta da Silva Santos é militante do PCdoB, da Unegro e da UBM, além de estudante de Medicina da Elam (Escola Latino Americana de Medicina) em Cuba

57º Coneg coloca Plano e Conferência Nacional de Educação em pauta

57º Coneg coloca Plano e Conferência Nacional de Educação em pauta

A primeira mesa que aprofundou as discussões sobre o PNE e a segunda tratou de questões relacionadas a Conferência Nacional e o Sistema Nacional Articulado de Educação

A tarde deste sábado foi reservada para os debate sobre as perspectivas do Plano Nacional de Educação (PNE), a Conferência Nacional de Educação e o Sistema Articulado de Educação.

A primeira mesa que aprofundou as discussões sobre o PNE contou com a participação da professora, integrante da diretoria da Fundação Marcio Grabois Nereide Saviani, a professora, representante do ANDES Liguia Brigitta, o deputado federal Ivan Valente e o diretor de movimentos sociais da ANPG Fábio Pluft.

Os palestrantes foram unânimes ao afirmar que o Plano é um avanço, mas ainda precisa ser aperfeiçoado e que a sociedade brasileira, prinicipalmente os estudantes, tem papel fundamental na implementação do documento.

"Mesmo em um momento de crise financeira, a educação não pode deixar de ser prioridade, pois é setor estratégico para o desenvolvimento nacional. O PNE é necessário porém deve ser mais preciso e ágil para que possamos garantir educação de qualidade em todos os níveis para todos", disse Nereide.

Já a professora Lighia apresentou uma série de dados que comprovaram estagnação, e por vezes queda, nos investimentos na área. Ela também lembrou os vetos ao PNE feitos pelo governo FHC que, de acordo com ela, atingem a educação infantil e a superior.

Para o deputado Ivan Valente o plano é viável. "Além da ampliação do ensino público, precisamos barrar a expansão desenfreada das instituições particulares, limitando o licenciamento. Medidas como essas, compõem, juntamento com outras ações e planejamentos, elemento fundamental para uma educação de qualidade".

"Precisamos lembrar que apenas a elaboração de um plano, sem ações concretas, não será suficiente", convocou Fabio, afirmando que a participação efetiva dos movimentos sociais nesta luta é o que dará resultados.

A mesa intitulada "Conferência Nacional e o Sistema Nacional Articulado de Educação" foi formada pelo diretor de políticas educacionais da UNE, Rafael Chagas, secretário adjunto do ministério da Educação Arlindo Cavalcanti, Heleno Araújo Filho secretário de assuntos educacionais da CNTE, Cristina de Castro, secretária geral da CONTEE e o representante da UNE na OCLAE Renan Alencar.

A mesa orientou a participação dos estudantes na Conferência que acontece em 2010 e discutiu a importância da iniciativa ser institucionalizada. "Será um momento estretégico para garantirmos que a Conferência seja consolidada como política de Estado", disse Arlindo Cavalcanti.

"O documento base da Conferência aponta avanços. Pensa a educação como sistema único e não fatiado por níveis", lembrou Rafael. "Construir uma educação de qualidade é tarefa nossa. A Conferência é uma conquista nossa, sendo assim deve ser ocupada por nós", convocou Cristina, da CONTEE.

Renan Alencar apontou o combate a expansão desenfreada das instituições privadas como uma das principais bandeiras na Conferência. "Este ano será o momento de construirmos um documento com nossas reivindicações e fazer deste espaço uma oportunidade para garantir avanços importantes e significativos na área, o que inclui mais investimentos e fomento a pesquisa", avaliou o secretário adjunto do MEC

Debate sobre crise financeira mundial e seus efeitos na educação abre 57º Coneg

Debate sobre crise financeira mundial e seus efeitos na educação abre 57º Coneg

O tema do fórum "Essa crise não é nossa! Queremos mais conquista para a educação" foi amplamente discutido em mesa de abertura

O 57º Coneg (Conselho Nacional de Entidades Gerais) iniciou suas atividades nesse sábado (21) no auditório da UNIP Vergueiro em São Paulo. Mais de 400 lideranças estudantis de todo o Brasil participaram do debate de abertura sobre a crise mundial e seus efeitos na educação. Estiveram presentes a mesa, Lúcia Stumpf e Tales Cassiano, presidente e vice presidente da UNE respectivamente, Ismael Cardoso, presidente da UBES, Milko Matijascic, representante do IPEA, Altamiro Borges, Jornalista do Portal Vermelho, Antônio Carlos Spis, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Heron Barroso, da Central dos Movimentos Populares, Camila Furchi, da Marcha Mundial de Mulheres, (MMM), Pedro Paulo, da Intersindical, Wagner Gomes, da CTB, Paulo Saboia, da CGTB.

A presidente da UNE, Lúcia Stumpf, abriu as discussões ressaltando a importância do Coneg e as ações decisivas que definirão as bandeiras de luta dos movimentos sociais, entre elas, a bandeira levantada contra a crise mundial e o direito dos estudantes a meia entrada. A presidente também citou e convocou as lideranças para a grande jornada de mobilizações contra a crise que acontecerá no dia 30 de março.

O debate circundou principalmente em torno do tema dos efeitos da crise financeira mundial. Para Milko " A crise é queima de riqueza, tipico do capitalismo", portanto é uma crise do capitalismo que afeta a educação de forma circunstancial", ele ainda aborda dados que coloca o Brasil em baixa na educação em relação há muitos países da América do Sul e no mundo, inclusive no gasto por aluno, " No Brasil gasta por aluno por ano 1356 dólares, estamos pior que o méxico, estando apenas a frente da Índia".

Para o jornalista Altamiro Borges, "nós estamos vivendo de ruptura, não sabemos se vai melhorar ou piorar. Ninguém hoje se arrisca a falar do tempo e intensidade dessa crise. Não é qualquer crise. Essa é uma crise estrutural, sistêmica. Não é financeira, é uma crise do 'capitalismo' não é simplesmente uma crise cíclica. Nesse processo a esquerda brasileira precisa ter grande coesão, a mídia faz o papel do capital financeiro, ela amedronta, para combater esse poder precisamos de unidade e grandes movimentações", finaliza o jornalista.

O representante do MST chamou a atenção para o atual contexto social, em que há uma forte tendência de se criminalizar os movimentos sociais. Para ele, a mídia, principalmente por meio da TV, apresenta a questão da reconquista do campo pelo trabalhador como um ato criminoso.

O 57º Coneg tem o objetivo de discutir a participação da juventude na Conferência Nacional de Educação, que acontecerá em 2010, além de promover a mobilização para a jornada de Lutas 2009 e debater a convocação do 51º Congresso da UNE que elege a nova diretoria e presidência da entidade.

Mais sobre Komsomol

Mais sobre Komsomol

Komsomol ou Comsomol (em russo, Комсомол) — a organização juvenil do Partido Comunista da União Soviética (PCUS). O nome é uma contração de Kommunistitchéski Soiuz Molodiôji (Коммунистический союз молодёжи) ou União da Juventude Comunista. Criada em 29 de outubro de 1918, mudou de nome em 1922 para Liga Comunista Leninista da Juventude de Toda a União. A filiação ao Komsomol era permitida a partir dos 14 anos, até o limite de 28 anos de idade. Mesmo assim, os funcionários da organização deveriam ser antigos militantes, sendo portanto mais velhos que os membros regulares. Para os menores de 14 anos, existia o Movimento dos Pioneiros. No plano internacional, o Komsomol era o membro mais importante da Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD). Na época de seu auge, dos anos 1970 ao início dos anos 80, o Komsomol tinha mais de 40 milhões de afiliados.

Sobre as Contradições no Komsomol

Sobre as Contradições no Komsomol(1)

J. V. Stálin

3 de Abril de 1924

Primeira Edição: no livro: J. Stálin, «Sobre a União da Juventude Comunista». Moscou, 1926.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 6º vol., Editorial Vitória, 1954 – traduzida da edição italiana da Obras Completas de Stálin publicada pela Edizioni Rinascita, Roma, 1949.
Tradução: Editorial Vitória
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.

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Devo dizer, em primeiro lugar, algumas palavras sobre a posição assumida pelo C.C. da União da Juventude na discussão que se desenvolve no Partido. Foi um erro que o C.C. da União da Juventude Comunista da Rússia mantivesse obstinado silêncio depois que as organizações locais já se haviam pronunciado. Mas seria errôneo interpretar o silêncio do C.C. da Juventude como uma posição de neutralidade. Foi apenas de uma prudência excessiva.

Agora, algumas palavras sobre os debates. Creio que não há entre vós divergências de princípio. Estudei as vossas teses e artigos e no entanto não encontrei divergências de princípio. Pelo contrário, encontrei neles confusão e um montão de artificiais contradições "inconciliáveis".

A primeira contradição consiste em contrapor a União como "reserva", à União, como "instrumento" do Partido. Que é a União, uma reserva ou um instrumento? Uma coisa e outra. Isto é claro e já foi dito pelos próprios camaradas nos seus discursos. A União da Juventude Comunista é uma reserva, reserva composta de camponeses e de operários, da qual o Partido retira novos contingentes. Mas, ao mesmo tempo, é um instrumento, um instrumento nas mãos do Partido, que influencia as massas da juventude. Poder-se-ia dizer, mais concretamente, que a União é um instrumento do Partido, uma arma auxiliar do Partido, no sentido de que os militantes ativos da União são um instrumento do Partido para influenciar os jovens que estão fora da União. Estes conceitos não são contraditórios e não podem ser contrapostos um ao outro.

A segunda pretensa contradição "inconciliável", na opinião de alguns camaradas, seria de que "a política de classe da União é determinada não pela sua composição social, mas pelo grau de firmeza das pessoas que a dirigem". Aqui se contrapõe a firmeza à composição social. Também esta contradição é artificial, pois a política de classe da União é determinada por ambos os fatores: pela sua composição social e pelo grau de firmeza do seu grupo dirigente. Se pessoas firmes sofrem a influência de uma composição social estranha ao espírito da União — cujos membros gozam de direitos iguais — a existência de tal composição não pode deixar de imprimir seu selo no trabalho e na política da União. Por que razão o Partido regula a sua composição social? Porque sabe que a composição social influi no seu trabalho.

Finalmente, outra contradição, também artificial, que diz respeito ao papel da União e ao seu trabalho entre os camponeses. Alguns colocam a questão nestes termos: a tarefa da União consistiria em "consolidar" a influência entre os camponeses e em ampliá-la; outros desejariam “ampliar a influência", mas não estariam de acordo em consolidá-la. E disso se quer fazer a plataforma da discussão. É evidente que a contraposição dessas duas tarefas é artificial, porque todos compreenderam muito bem que a União deve ao mesmo tempo consolidar e ampliar a sua influência no campo. É verdade que num ponto das teses do C.C. da União há uma frase infeliz sobre o trabalho entre os camponeses. Mas nem Tarkhânov nem os outros representantes da maioria do C.C. da União insistem naquela formulação infeliz e concordam em modificá-la. Depois disso, valeria a pena discutir por coisa de somenos importância?

Há, porém, na vida e na atividade da União da Juventude Comunista uma contradição, uma contradição real, não fictícia, sobre a qual desejaria dizer algumas palavras. Refiro-me à existência de duas tendências na União: a operária e a camponesa. Refiro-me à contradição entre estas tendências, que se faz sentir e que não se pode desprezar.

A parte relativa a esse problema foi o ponto mais fraco nos discursos dos camaradas. Todos dizem que é necessário aumentar os efetivos da União recrutando novos operários, mas todos tropeçam quando passam aos camponeses, ao problema do recrutamento dos camponeses. Até mesmo os oradores que falaram sem argúcias nem subterfúgios tropeçaram nesta questão.

É evidente que diante da União surgem dois problemas: o operário e o camponês. É evidente que, pelo fato de ser a uma organização operária e camponesa, essas duas tendências, essas contradições continuarão a existir também no futuro. Alguns, negligenciando os camponeses, dirão que é necessário recrutar os operários, enquanto outros dirão que é preciso recrutar os camponeses, subestimando a importância do elemento proletário na União como elemento dirigente. Esta contradição interna, inerte à natureza mesma da União, fez com que tropeçassem os oradores que falaram aqui. Nos discursos, fez-se um paralelo entre o Partido e a União. Mas o fato é que, na realidade, esse paralelismo não existe, pois o nosso Partido é operário, e não operário e camponês, enquanto a União é uma organização operária e camponesa. Por isso, a União não pode ser uma organização exclusivamente operária, mas deve ser ao mesmo tempo operária e camponesa. Uma coisa é clara: em virtude da estrutura atual da União, as contradições internas e a luta das tendências serão inevitáveis também no futuro.

Têm razão os que dizem que é preciso recrutar para o Partido os jovens camponeses médios, mas nesta questão é necessário ter muita prudência e não deslizar para a posição de um partido operário-camponês, coisa que ocorre às vezes até a alguns dirigentes. Muitos clamam: "Recrutais para o Partido operários, por que não poderemos recrutar, em igual medida, os camponeses? Demos ingresso a cem mil ou duzentos mil camponeses". O C.C. é contra esta tendência, porque o nosso Partido deve ser um Partido operário. Uns 70 a 80 por cento de operários e uns 20 a 25 por cento de não operários, tal deve ser, mais ou menos, a correlação no Partido. Na União, a questão é um pouco diference. A União da Juventude Comunista é a organização voluntária, livre, dos elementos revolucionários da juventude operária e camponesa. Sem camponeses, sem a massa da juventude camponesa, deixaria de ser uma união operária e camponesa. Mas é preciso agir de modo que o papel dirigente permaneça com o elemento proletário.


Notas:

(1) Discurso pronunciado na Conferência convocada pelo C.C.. do P.C.. (b) da Rússia para discutir os problemas do trabalho entre a juventude[N20]

[N20] A 3 de abril de 1924, no C.C. do P.C. (b) da Rússia, realizou-se uma reunião consagrada ao trabalho entre a juventude, de que participaram membros do C.C. do Partido e os membros e os suplentes do C.C. da U.J.C.R. e representantes das dez organizações provinciais mais importantes da U.J.C.R. A reunião fez o balanço da discussão sobre as tarefas imediatas do Komsomol, desenvolvida em começos de 1924. Depois de estudar os resultados da reunião, o C.C. do P.C. (b) da Rússia determinou às organizações locais do Partido e da União da Juventude que intensificassem os esforços por alcançar unidade e acordo no trabalho e chamou a atenção dos dirigentes da União da Juventude sobre a necessidade de melhor organizar o trabalho para cumprir as tarefas determinadas pelo Partido.

UJS IRÁ DIRIGIR O PRIMEIRO GRÊMIO DO HERCÍLIA MORETTI

UJS IRÁ DIRIGIR O PRIMEIRO GRÊMIO DO HERCÍLIA MORETTI

Depois de árdua campanha, a chapa "Jovens Revolucionários" foi vitoriosa, disputando com uma chapa liderada pela JPMDB a UJS saiu vitoriosa (315 a 286 votos)

O vice-presidente Caio Garcia, acompanhado da tesoureira Bianca Pereira, da presidente Jéssika Reiser e do secretário-geral Rafael Astine, disseram que a principal luta será pela contrução da quadra esportiva, que está para ser construída à 20 anos. Além de realizar palestras e campeonatos.

Igor Mayworm, presidente da UJS, disse estar feliz com a disputa e com a maturidade do movimento estudantil petropolitano, pois "mesmo tendo batalhado contra a JPMDB nesta escola, a aliança para o Congresso da APE continua firme, já que ambos tem como objetivo a valorização do movimento estudantil na cidade"

Juventude comunista alemã destaca exemplo de Cuba como opção ao capitalismo

Juventude comunista alemã destaca exemplo de Cuba como opção ao capitalismo

HAVANA, Cuba, 18 mar (ACN) Cuba é um exemplo vivo que demonstra a existência de uma alternativa diferente ao capitalismo, afirmou uma declaração aprovada durante o 19º Congresso Federal da Juventude Socialista Operária Alemã (SDAJ, siglas em alemão).

Cuban News Agency

No encontro, celebrado na cidade de Hannover (centro), capital do Estado federal de Baixa Saxônia, a organização juvenil reafirmou sua solidariedade com a Revolução e o povo desse país, informou a PL.

Há 50 anos a ilha tem conseguido suportar a pressão dos estados imperialistas e o bloqueio imposto por Estados Unidos, e garante a cada cubano os direitos fundamentais à saúde, a educação e a justiça social, diz o texto da declaração.

O Congresso da UNE já está nas ruas

O Congresso da UNE já está nas ruas

Nos dias 21 e 22 de março acontecerá o Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG) da UNE, na cidade de São Paulo. A reunião de UEEs e Diretórios Centrais de Estudantes definirá a data, o local e convocará oficialmente o 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes. O encontro também elege a Comissão Nacional de Credenciamento e Organização (CNCO) e aprova o regimento interno do Congresso.

São esperados DCEs de universidades públicas e particulares de todo o país. As entidades cadastradas já estarão em condições de realizar o processo de eleição de delegados em suas universidades. No caso de instituições de ensino que não tiveram representação estudantil no Coneg, o processo poderá ser desencadeado a partir de uma comissão de estudantes que coordenarão as eleições no local.

"O processo de Congresso, na realidade, já começou quando realizamos um grande e vitorioso Coneb e construímos o Projeto de Reforma Universitária da UNE. Mas agora, depois do Coneg, tem início o processo de eleição de delegados propriamente dito. O Congresso toma às salas de aulas, os ambientes da universidade", diz Márcio Cabral, diretor de Movimento Estudantil Universitário da UJS.

O movimento Da Unidade Vai Nascer a Novidade, do qual a UJS participa, está mobilizando uma grande delegação de entidades para o evento. "Nosso movimento já realizou intenso processo de debates com os Centros Acadêmicos e agora faz o mesmo com os DCEs. Vamos com toda a força construir a maior mobilização da história dos Congressos da UNE. O Congresso da UNE já está na rua", aponta.

57º Coneg: estudantes definem mobilizações da UNE para os próximos meses

57º Coneg: estudantes definem mobilizações da UNE para os próximos meses

Os estudantes convocarão o 51º Congresso da entidade, a Jornada de Lutas 2009 e a participação da juventude na Conferência Nacional de Educação


Os participantes desta edição do Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), que terá início neste sábado (21) e se estende até domingo (22), na UNIP Vergueiro, em São Paulo, definirão três importantes ações desta gestão que se encerra em julho deste ano.

Os cerca de 500 estudantes vindos de todo o país convocarão o 51º Congresso da entidade, que elege a nova diretoria e presidência, a mobilização para a Jornada de Lutas 2009 e debaterão a participação da juventude na Conferência Nacional de Educação, que acontecerá em 2010.

Podem participar do fórum as entidades representativas de Instituições de Ensino Superior (IES) de todos os Estados e do Distrito Federal (DCE’s, UEE’s e entidades municipais) e também, das Executivas e Federações Nacionais de Curso, devidamente credenciadas.

Para tanto o/a delegado/a, o/a representante da Entidade Geral deverá apresentar no dia e local de recolhimento do Credenciamento: Ata oficial, fornecida pela UNE, para indicação do/a delegado/a e seu/sua suplente, com o quorum mínimo de 50% (cinqüenta por cento) mais 1 (um) dos/as diretores da Entidade que constarem registrados/as na Ata de Posse. Caso tenha havido substituição de membros da diretoria da entidade, será necessário apresentar a Ata de Alteração da Diretoria e o Estatuto da Entidade.

Além de uma cópia da ata de eleição e da ata de posse da diretoria da Entidade Geral, com prazo de mandato em dia. Para entidades que não comprovarem o tempo de duração do mandato, será considerado o prazo máximo de um ano a contar da data da posse da atual gestão e uma cópia do comprovante de matrícula 2009/1 do/a delegado/a e suplente.

Para as UEE’s e entidades municipais o valor é de R$ 350,00. Executivas, Federações e Coordenações de Curso e entidades que representem mais de 20 mil estudantes pagam R$ 200,00. Já entidade que representem de 10 mil a 19.999 alunos o preço é de R$ 150,00. Entidades que respondam por 1 a 9.999 estudantes terão que desembolsar R$ 100,00. Observadores pagam R$ 80,00. Quem tiver a carteirinha da UNE 2008 paga metade (R$ 40,00).

A inscrição garante credencial que dá acesso às atividades e ao alojamento que ficará no hotel Fórmula 1, na Avenida Nove de Julho. A alimentação não está inclusa.

Jornada de Lutas 2009

A edição deste ano da Jornada de Lutas acontecerá em o todo País entre os dias 30 de março a 3 de abril. O tema da tradicional série de manifestações convocadas pela UNE em defesa da educação é: "Essa crise não é nossa. Queremos mais conquistas para a Educação".

Sob este mote, estudantes sairão às ruas nas principais capitais do país por mais investimento em Educação, por uma nova legislação para a meia-entrada, sem restrições de direitos; pela manutenção da qualidade de ensino nas instituições particulares de ensino superior, em defesa da intervenção do Estado para evitar abusos nos reajustes de mensalidade, pelo fim do vestibular e a aprovação do Projeto de Lei de Reserva de Vagas nas universidades públicas.

Conferência Nacional de Educação

Com um painel que vai discutir a construção do Sistema Nacional de Educação, o MEC lança em abril a 1ª Conferência Nacional de Educação (Conae). O tema central será Construindo um Sistema Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação, suas Diretrizes e Estratégias de Ação.

O encontro tem uma agenda de trabalho para os 12 meses de 2009. No primeiro semestre, as conferências preparatórias ocorrerão nos municípios; no segundo semestre, nos 26 estados e no Distrito Federal. A conferência nacional será realizada de 23 a 27 de abril de 2010, em Brasília e reunirá desde os setores públicos e privados da educação infantil até a pós-graduação, para um amplo debate.

A UNE e a UBES fazem parte de todas as Comissões desta primeira fase. A Conferência terá um painel de abertura, 52 colóquios onde os cerca de 2 mil delegados terão voz e voto. Para as entidades parceiras, a Comissão aprovou a inclusão de mesas de debates, e para os convidados de entidades internacionais a possibilidade de inscrever e apresentar trabalhos.

Eleição do Grêmio do Luíza Teodoro

Por Ivo Braga*

Foi na tarde do dia 27 de fevereiro que conheci a animada galera da escola Luiza de Teodoro Silva, no município de Pacatuba. Naquela ocasião fomos à escola debater sobre a história do movimento estudantil e a importância do grêmio dentro do ambiente escolar, com a intenção de enriquecer a discussão acerca das eleições do grêmio estudantil que se aproximavam. O pátio da escola estava lotado e compuseram comigo a mesa, Andrerson Rafael, representando a UNE; Elyka Murielle, representante da Chapa 01; e Natane Nascimento, representante da Chapa 02.

O debate naquela tarde de sexta feira foi um sucesso e acirrou a disputa na eleição do grêmio, a moçada não poupou esforços na hora de passar nas salas de aula divulgando as propostas de suas chapas, a escola entrou em clima de eleição as conversar nos corredores não tinha outro tema a não ser a eleição do grêmio estudantil. As chapas estavam confiantes e prontas para o dia da eleição.

Então o grande dia chegou, e junto com ele lá estava eu no Luiza de Teodoro Silva de novo. A eleição transcorreu com tranqüilidade e por volta das 16 horas o último aluno votou, a urna foi lacrada e a sala dos professores desocupada para que a comissão eleitoral pudesse fazer a contagem dos votos. O índice de votação foi expressivo, foram à urna 225 estudantes, cerca de 90% dos alunos da escola. Houve apenas 01(um) voto nulo, a Chapa 01 Força Jovem foi eleita com 173 votos, ficando a Chapa 02 com os outros 51 votos. A ata de eleição foi lavrada e assinada por todos os membros da Chapa vencedora, tendo sido empossados imediatamente para a gestão 2009/2011.

Logo após a notícia da vitória tivemos a primeira reunião da nova diretoria do grêmio estudantil da escola Luiza de Teodoro Silva com a participação da ACES, no momento foi reafirmado o compromisso dos gremistas com os estudantes da escola na construção de um ambiente escolar saudável e participativo, na construção das lutas estudantis no município e no estado, na realização de atividades sócio-culturais na escola, entre tantas outras.

Ficam aqui os sinceros parabéns a galera da Chapa 01 Força Jovem, em especial a agora presidente do Grêmio Elyka Murielle. Que seja construída uma gestão participativa e combativa dentro do grêmio estudantil. É muito importante que as ações do grêmio estejam de acordo com os interesses dos estudantes da escola e que seja feita de fato a luta política dentro do Luiza Teodoro. Para isso a ACES e a UBES estão à inteira disposição para voltar à Pacatuba. Agora é muita disposição para o trabalho que vem por aí!

*Ivo Braga é Vice-presidente Ceará/Rio Grande Do Norte da UBES e Presidente da ACES.

A crise mundial está só no começo

Por Altamiro Borges*

Os últimos dados econômicos indicam que a crise capitalista será mais destrutiva do que muitos imaginavam. Ela está mais para um tsunami do que para uma "marolinha". Ainda não deu para prever sua dimensão ou duração, mas ninguém mais duvida dos enormes estragos que causará e muitos se recordam do desastroso crash de 1929, que só atingiu o seu pico quatro anos depois — em 1933.

Os países capitalistas centrais estão derretendo. A economia dos EUA, apesar do socorro dos cofres públicos, não dá qualquer sinal de recuperação. Como descreve uma excelente reportagem do jornal Avante, do Partido Comunista Português, o cenário é dramático, desesperador.

"Com a economia e o desemprego a baterem todos os recordes negativos, os trabalhadores dos EUA enfrentam a fome e a degradação das condições de vida. Somente em fevereiro, segundo dados oficiais, registrou-se a perda de cerca de 700 mil empregos, cifra idêntica às apuradas em dezembro de 2008 e janeiro deste ano. Estes números elevam a taxa de desemprego para 8,1%, a mais alta dos últimos 25 anos... Desde dezembro de 2007, a economia norte-americana já perdeu quase 4,5 milhões de empregos, a maior perda desde a 2º Guerra".

O jornal cita a queda de 6,2% do PIB no último trimestre de 2008, a retração de 21,1% nos investimentos privados, a redução de 23,6% nas exportações e o abrupto aumento dos dependentes de cupons alimentares, já usados por 31 milhões de pessoas que passam fome e privações — um em cada dez estadunidenses.

O descolamento dos "emergentes"

As potências capitalistas da Europa vivem um quadro semelhante. O Financial Times divulgou nesta semana dados sobre a indústria no Reino Unido, França e Suécia, que comprovam a brutal retração econômica. Tecnicamente, a Europa já está em recessão. O PIB recuou 1,5% no último trimestre do ano passado, marcando o pior período desde a criação do Euro, em 1995. A recessão impulsiona o Banco Central Europeu (BCE) a cortar novamente a taxa básica de juros — que já se encontra no seu nível histórico mais baixo, de 2% — e aumenta a pressão pela estatização integral do sistema financeiro, que está totalmente apodrecido e contagia o restante da economia.

Mesmo nos chamados países emergentes, o cenário é preocupante e questiona a complicada tese sobre o "descolamento". Na China, com uma economia altamente dependente das exportações, as vendas externas tiveram em fevereiro a maior retração desde 1998, com queda de 25,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Foi o quarto recuo consecutivo das exportações chinesas. No Brasil, a forte retração de 3,6% no PIB no último trimestre de 2008 ascendeu a luz vermelha e forçou o Banco Central a recuar na sua política criminosa de juros estratosféricos. A produção industrial tem encolhido e o desemprego se torna rapidamente uma dura realidade.

Limites históricos do capitalismo

Estes dados, entre outros, parecem confirmar as previsões mais pessimistas sobre a gravidade da crise. Em recente palestra em Buenos Aires, o intelectual francês François Chesnais afirmou que a economia capitalista vive "uma verdadeira ruptura, num processo de crise com características comparáveis à crise de 1929, ainda que se desenvolva num contexto diferente. É preciso recordar que aquela crise se desenvolveu como processo: começou em 1929, mas seu ponto culminante se deu depois, em 1933, e abriu caminho para uma longa fase de recessão. Digo isto para sublinhar que vivemos as primeiríssimas etapas de um processo de amplitude e temporalidade. Estamos diante de um desses momentos em que a crise exprime os limites históricos do capitalismo".

Citando uma passagem do livro O Capital, de Karl Marx, ele lembra que "o verdadeiro limite da produção capitalista é próprio capital... O meio empregado — desenvolvimento incondicional das forças produtivas — choca-se constantemente com o fim perseguido, que é um fim limitado: a valorização do capital existente. Por conseguinte, se o regime capitalista de produção constitui um meio histórico para desenvolver a capacidade produtiva material e criar o mercado mundial correspondente, envolve ao mesmo tempo uma contradição constante entre essa missão histórica e as condições sociais de produção próprias deste regime".

"Uma catástrofe para a humanidade"

Sem cair numa visão fatalista, Chesnais prevê que o sistema terá dificuldades para superar a crise e cita Marx: "A produção capitalista aspira constantemente a superar os limites imanentes a ela, mas só pode superá-los recorrendo a meios que voltam a levantar diante dela os mesmos limites, e ainda com mais força". A ofensiva neoliberal, com a desregulamentação financeira e o desmonte do keynesianismo, foi a resposta do capital à crise capitalista já presente nos anos 70. Mas ela não superou os limites imanentes do sistema e, ainda, agravou-os. "Um dos métodos escolhidos pelo capital para superar seus limites se tornou fonte de novas tensões, conflitos e contradições".

Os outros dois meios usados pelo capital para enfrentar sua crise foram: a criação descontrolada de capital fictício e a ampliação do mercado mundial, com a incorporação da China. O primeiro já teria sucumbido. "Toda a etapa de liberalização e de globalização financeira dos anos 80/90 foi baseada na acumulação de capital fictício, sobretudo em mãos dos fundos de investimento e de pensão". Este mecanismo entrou em colapso nos EUA. "Agora, eles estão desmontando este processo. Mas dentro dessa desmontagem, há processos de concentração do capital financeiro... Há uma fuga para frente que não resolve nada [...] e isso é um fator de perturbação ainda maior".

Quanto à China, ele não se arrisca a prever sua capacidade de resistência. Mas, numa abordagem polêmica, avalia que ela não se manterá imune. "A China é realmente um lugar decisivo, porque até as pequenas variações na sua economia determinam a conjuntura de muitos outros países do mundo". Com base nesta análise, Chesnais prevê que a crise mundial será mais grave do que se previa há alguns meses. Diante das críticas ao seu "catastrofismo", enfatiza: "Na realidade, creio que estamos diante do risco de uma catástrofe, mas não do capitalismo e sim da humanidade".

"Tempestade global" e o Brasil

No mesmo rumo, a economista Maria Conceição Tavares também teme que a crise só esteja no início. "Estamos diante de uma tempestade global. Não é apenas a violência que assusta; há o fato de que sua origem financeira torna tudo absolutamente opaco no horizonte da economia mundial. Mente quem disser que sabe o que virá e quanto tempo vai durar. Minha percepção é que será uma guerra de resistência". Para ela, a atual crise "é dramaticamente mais séria que a de 29. Ela ainda não alcançou a proporção daquela, mas o núcleo financeiro dos EUA está carcomido. Os maiores bancos praticamente agonizam. Baixas dessa magnitude não ocorreram nem em 29".

Quanto ao Brasil, motivo maior de preocupaçao da brasileiríssima Conceição Tavares, ela se diz preocupada, mas sempre otimista. "O Brasil tem condições de segurar o manche e aguentar... A luta será dura. Mas, pela primeira vez na história, o país enfrenta uma crise mundial sem ter que carregar o setor público nas costas. E isso é inédito. Nesta crise, o Estado não está afundado em dívida externa, para não dizer totalmente quebrado, como ocorreu nos anos 90. Significa mais do que não ter um peso morto. Significa um Estado em condições de amparar o investimento, o emprego e o capital de giro da economia... Basta ter determinação política". A questão é: será que o governo Lula está disposto a enfrentar a tempestade com ousadia e determinação política?